
O Sertão Negro marca presença na 36ª Bienal de São Paulo, que será aberta ao público no dia 6 de setembro de 2025, no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque Ibirapuera. Intitulada “Nem todo viandante anda estradas – Da humanidade como prática”, a mostra reúne iniciativas artísticas comprometidas com novas formas de existência e pertencimento. Entre elas, o projeto goiano destaca-se ao propor uma articulação entre arte contemporânea e práticas coletivas.
Fundado pelo artista visual Dalton Paula, representado pela galeria Martins&Montero, e pela pesquisadora Ceiça Ferreira, o Sertão Negro se organiza como um centro de criação artística, cuidado ambiental e aprendizagem coletiva, instalado desde 2021 na borda norte de Goiânia. O projeto nasce a partir das tradições quilombolas do Território Kalunga, mas vai além da preservação da memória, propõe práticas enraizadas no Cerrado e voltadas para o futuro, combinando modos ancestrais de viver com ações concretas de sustentabilidade e justiça social.
A estrutura do Sertão Negro abriga uma escola de arte, programa de residências, cineclube, aulas de capoeira angola, biblioteca, horta agroecológica, ateliês e até um viveiro de peixes. As construções em taipa de pilão e outras técnicas de bioconstrução refletem o compromisso do projeto com o território e com os saberes tradicionais.
Além das atividades artísticas, iniciativas como o Sertão Verde, responsável por cultivar mais de duas toneladas de alimentos por ano com base em práticas agroecológicas afro-indígenas, e o Sertão Vermelho, voltado à piscicultura como ferramenta de segurança alimentar, evidenciam o impacto multidimensional do projeto. A proposta é clara: fortalecer uma soberania que seja cultural, ecológica e social.
O Sertão Negro também se dedica a apoiar artistas negros e LGBTQIA+ vindos de territórios historicamente marginalizados, promovendo trocas por meio de rodas de estudo, refeições coletivas e práticas corporais, o projeto desafia as fronteiras entre aprender, criar, cultivar e viver em comunidade.
Na Bienal, Sertão Negro não apenas exibe uma instalação, mas leva consigo a complexidade de seu ecossistema. Paredes de terra, bancos de sementes e fragmentos de vida compartilhada compõem uma presença viva, que questiona: como carregar, não apenas o nome, mas toda a rede de relações que o torna possível? O que significa tecer um território dentro de um espaço como este?
A 36ª Bienal de São Paulo ficará em cartaz até 11 de janeiro de 2026, reunindo projetos e artistas de diferentes partes do mundo. O Sertão Negro, a partir do Cerrado, reafirma que a arte também nasce do chão, da partilha e da construção de futuros possíveis.

Serviço: Sertão Negro na 36ª Bienal de São Paulo
Abertura: 6 de setembro de 2025
Visitação: até 11 de janeiro de 2026
Local: Pavilhão Ciccillo Matarazzo – Parque Ibirapuera, São Paulo