O LIDEM – Grupo de Mulheres Líderes Empresariais realizou hoje, 13 de abril, o primeiro Seminário de 2012, em que Andrea Bisker, diretora do portal de tendências WGSN, e André Torretta, pesquisador e especialista em consumo, discorreram sobre “Novas tendências de consumo no Brasil”, no Auditório Omint, em São Paulo.
Andrea Bisker trouxe alguns dados referentes ao comportamento feminino e às macrotendências mundiais. Um exemplo é o fato de as mulheres sentirem mais a necessidade de ultrapassar as barreiras do mundo digital, sentirem falta do contato mais próximo, do olho no olho. Isso é perceptível inclusive entre a geração mais jovem, que também já sinaliza uma busca e admiração pelo comportamento até então considerado antiquado. “As empresas precisam voltar os olhos para esse novo consumidor, que não abre mão das facilidades tecnológicas, mas que também valoriza o relacionamento próximo, o toque, como a casa com cheiro da casa da avó”, concluiu a pesquisadora.
A mulher inovadora é mais autêntica, libertadora, mais observadora, o que a torna referência para as demais. “A era Amélia já se foi, o que surge agora é a Alice, uma nova mulher que busca por conhecimentos, mais tempo para si e para os outros e se aceita como é. O bacana disso tudo é se aceitar, como assumir a própria idade”, ressalta Andrea Bisker.
André Torretta traçou o perfil do universo feminino composto pela chamada “nova classe C”. Segundo o pesquisador, 170 milhões de brasileiros compõem atualmente as classes C, D e E, enquanto que outros 30 milhões formam as classes A e B. Para ele, essa diferença força certas adaptações da sociedade, como a própria TV Globo apresentou ao criar a “Griselda”: uma mulher pobre, que se vestia como homem, capaz de sustentar uma família sozinha, mesmo após ser abandonada pelo marido e obter sucesso. “As mulheres da classe C não querem ser iguais ao homem, o que era natural há algumas décadas, mas sim, querem ser melhores que eles”.
Enquanto o empreendedorismo é acentuado nas mulheres das classes A e B, essa consumidora busca estabilidade e não almeja o cargo de presidente das empresas. Possui uma autoestima elevada mesmo quando está acima do peso, não precisa copiar ninguém, apenas ser ela mesma. “O empoderamento econômico feminino tem outro reflexo importantíssimo para o Brasil, pois é na classe C que estão as principais ações solidárias. Essa consumidora, que hoje está mais forte financeiramente, tem um histórico de ajuda ao próximo. Logo, teremos um país mais focado no diálogo do que na violência”, destaca André Torretta.
Ainda segundo o pesquisador, essa independência feminina também se reflete na população mais jovem, como se notou ao solicitarem aos participantes da pesquisa sobre novas tendências de consumo, com idades entre 14 e 25 anos, que escolhessem imagens que ilustrassem como eles se veem dentro de 10 anos. As meninas destacaram fotos delas no ambiente de trabalho e com crianças, sem homens. Já os meninos selecionaram fotos no ambiente de trabalho e com a família. “As mulheres estão excluindo os homens de suas vidas no futuro, justo agora que estamos interessados em assentar e compor família” brincou André Torretta.
As empresas também precisam estar preparadas para essa consumidora, pois ela trabalha mais, ficará mais fora de casa, precisará e cobrará por mais creches e serviços de qualidade. “Vão precisar de serviços como dos maridos de aluguel, por exemplo. Essa mulher também estará mais consciente dos seus direitos, logo, o governo também deverá avançar com suas propostas, pois será mais cobrado”, reforça o pesquisador.