
O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, em Paris, na França. Ele enfrentava complicações decorrentes de uma malária. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, fundado por Salgado e sua esposa, Lélia Wanick Salgado. “Com imenso pesar, comunicamos o falecimento de Sebastião Salgado, nosso fundador, mestre e eterno inspirador”, escreveu a organização em nota publicada nas redes sociais.
Nascido em Aimorés, no interior de Minas Gerais, em 1944, Salgado foi um dos mais influentes fotógrafos documentais do mundo. Com formação em economia, mestrado pela USP e doutorado pela Universidade de Paris, ele atuou na área até o início dos anos 1970. A transição para a fotografia se deu durante uma viagem profissional à África, quando registrou imagens com a câmera de Lélia, sua companheira desde 1967. A partir daí, a fotografia deixou de ser hobby para se tornar vocação.
Conhecido por sua estética em preto e branco, Salgado construiu uma obra marcada por forte senso de justiça social e ambiental. Entre seus projetos mais importantes estão “Outras Américas” (1986), sobre populações rurais e indígenas latino-americanas; “Trabalhadores” (1993), com retratos de ofícios manuais em extinção; “Êxodos” (2000), que documenta migrações e deslocamentos forçados; e “Gênesis” (2013), um tributo visual a paisagens e culturas preservadas do impacto da modernidade.
Ativismo ambiental
Além da fotografia, o legado de Salgado inclui o ativismo ambiental. Em 1998, ele e Lélia fundaram o Instituto Terra, dedicado à recuperação da Mata Atlântica no Vale do Rio Doce. O projeto tornou-se referência internacional em restauração ambiental e educação socioambiental.
Sua trajetória foi tema do documentário “O Sal da Terra” (2014), dirigido por Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, filho do casal, indicado ao Oscar de Melhor Documentário. O filme traça um panorama de sua vida pessoal e profissional, destacando o compromisso com as causas que retratou.
Sebastião Salgado deixa a esposa, os filhos Juliano e Rodrigo, e os netos Flávio e Nara. Seu trabalho continuará a inspirar gerações de fotógrafos, ambientalistas e todos que acreditam no poder transformador da imagem e da ação humana.