Em vários pontos do planeta, áreas degradadas, antes ocupadas por indústrias, passam por recuperação para dar lugar a edifícios residenciais. “O novo uso ajuda a revitalizar o espaço urbano”, diz Jaime Ohata, diretor da consultoria de meio ambiente Geoklock, de São Paulo. Na Europa, esse movimento é comum. O escritório americano Moore Ruble Yudell, por exemplo, aproveitou um local onde funcionava uma fábrica de carros, na cidade sueca de Malmö, e implantou ali um conjunto de prédios (foto abaixo). Antes trocou parte do solo contaminado com agentes químicos por terra limpa e incluiu no paisagismo plantas que absorvem substâncias tóxicas.
Grandes construtoras paulistas também aderiram à onda. “Bem localizados e mais baratos, esses terrenos são bom negócio para abrigar imóveis de alto padrão e assim garantir retorno comercial do alto custo de tratamento”, fala Antonio Setin, presidente da construtora Setin. “O uso só é liberado diante de um plano de intervenção que garanta a segurança do futuro empreendimento”, diz Elton Gloeden, gerente de Áreas Contaminadas da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
No projeto das arquitetas Adriana Levisky e Anna Julia Dietzsch, um antigo incinerador de lixo cedeu espaço à praça Victor Civita, recanto de lazer e cultura. Para conseguir um parecer da prefeitura de São Paulo, que libera o uso da área comprometida, as construtoras são obrigadas a apresentar um plano de descontaminação. “Ele deve eliminar qualquer risco à população”, diz Rodrigo César Cunha, gerente de Gestão de recursos para Investigação e remediação de Áreas Contaminadas da Cetesb. Por lei, eventuais restrições de uso do solo ou da água subterrânea ficam registradas na escritura do imóvel e podem ser consultadas. “Antes da compra, verifique se o endereço integra uma lista de áreas comprometidas já reabilitadas”, indica.
Fonte: Casa Abril