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Goiás e Japão avançam em parceria para exploração de terras raras

Ronaldo Caiado lidera reunião com Embaixada do Japão no Brasil para tratar da exploração de Terras Raras em Goiás (Foto: Walter Folador)

O governador Ronaldo Caiado recebeu, na tarde desta quinta-feira (28), no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, a comitiva da Embaixada do Japão no Brasil para tratar da exploração de terras raras em Goiás. Ao final do encontro, o embaixador Teiji Hayashi destacou a possibilidade de avanços concretos em parceria estratégica.

O objetivo da reunião foi discutir a cooperação para exploração de óxidos de terras raras (OTR). As reservas goianas representam cerca de 25% da disponibilidade mundial desse minério, essencial para o desenvolvimento tecnológico. Ficou definido que a interlocução entre o Estado e o governo japonês será conduzida pela Embaixada em Brasília.

O que são terras raras

As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos fundamentais para a indústria moderna. Estão presentes em turbinas eólicas, veículos elétricos, baterias, smartphones, equipamentos militares e data centers. Apesar do nome, não são tão raros na natureza, mas sua extração e processamento exigem alta tecnologia. Atualmente, a China concentra a maior parte dessas etapas.

Caiado ressaltou que as negociações também envolvem o processamento do minério. “Chegamos a um entendimento para avançar na cooperação entre Goiás e o governo japonês, não apenas na exploração, mas também no processamento das terras raras”, afirmou.

O embaixador Teiji Hayashi reforçou que a visita busca ampliar os laços econômicos. “Veio a equipe completa do governo japonês para aprofundar colaborações na área de terras raras”, disse. A comitiva visita nesta sexta-feira a mineradora Serra Verde, em Minaçu, e a planta fabril da Aclara Resources, em Aparecida de Goiânia, além de participar de reuniões institucionais.

Goiás é o único ponto fora da Ásia a realizar a produção em larga escala, atuando nas duas primeiras etapas da comercialização do minério.

O governador defendeu que a parceria avance para as fases de separação e refino, hoje dominadas pela China. “Goiás não quer ser apenas exportador de matéria-prima. Precisamos da sensibilidade para que essas etapas seguintes sejam implantadas aqui”, disse Caiado, ao reforçar que o Estado garante rapidez no licenciamento: “Posso assegurar que, no máximo em três meses, autorizamos o início de qualquer pesquisa ou instalação em Goiás”.

Na ocasião, Caiado também mencionou a sanção da Lei nº 23.597, publicada na quarta-feira (27/8), que cria a Autoridade Estadual de Minerais Críticos. A norma estabelece governança para todas as etapas da mineração e prevê a criação de um fundo de pesquisa. “O governo japonês poderá, com sua tecnologia, contribuir com o refino e a separação dos produtos ou investir no fundo, ampliando nossa capacidade de pesquisa”, explicou.

A iniciativa fortalece operações já existentes em Minaçu, Nova Roma e Iporá. Em Minaçu, a Serra Verde produz em escala comercial disprósio (Dy), térbio (Tb), neodímio (Nd) e praseodímio (Pr). Em Nova Roma, o processamento de argilas iônicas deve receber aporte de R$ 2,8 bilhões, com geração estimada de 5,7 mil empregos. Já em Aparecida de Goiânia, a chilena Aclara Resources inaugurou, em abril, uma planta fabril com investimento inicial de R$ 30 milhões.

Missão ao Japão abriu caminho

As tratativas começaram durante a missão comercial do Governo de Goiás ao Japão, entre 11 e 21 de julho deste ano. Em Tóquio, Caiado se reuniu com o ministro da Economia, Comércio e Indústria, Ogushi Masaki, que manifestou interesse em parcerias com Goiás.

O diretor do Mineral Resources Division, Yuzo Yamaguchi, reforçou o potencial local. “Vimos aqui no Brasil, especialmente em Goiás, a chance de atender nossa demanda por terras raras pesadas”, afirmou. Ele destacou que o minério é essencial para ímãs, motores e peças eletrônicas, além de ser estratégico para a indústria automobilística.

O secretário-geral de Governo, Adriano da Rocha Lima, reforçou que o objetivo goiano é avançar na cadeia de valor. “Queremos desenvolver etapas mais avançadas, além da exportação de concentrado e carbonato de terras raras, para que a separação seja feita aqui”, disse.

(Foto: Walter Folador)
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