<p style="text-align: right;"><em>*André Luiz Pacheco da Silva é estudante <br /></em><em>de psicologia e psicanálise, escritor e melômano</em></p>
<p style="text-align: right;"><em><img style="display: block; margin-left: auto; margin-right: auto;" src="https://revistazelo.com.br/public/backend/midias/tinymce/Cultura/18121584_1516356385042349_7215449540761392284_o.jpg" alt="Igor Zargov e Bruno Caveira (Foto: Reprodução/ Facebook)" width="800" height="537" /></em></p>
<p style="text-align: justify;">Luz vermelha acesa na entrada do Cabaret. É noite de pandemônio. Alomo bitters e café com pupunha na mesa, Fela Kuti trocando ideias com Pinduca. No balcão ao lado, a velha guarda cubana do Buena Vista Social Club degusta charutos ouvindo Gilberto Gil discorrer sobre o abacateiro. Em um canto escuro, Manuel Cordeiro afinando a guitarra enquanto Calixto Ochoa experimenta um gole de cachaça de jambu. Logo ali, embaixo da bananeira, Tito Puente cumprimenta Loalwa Braz, do grupo Kaoma: oye como va?</p>
<p style="text-align: justify;">Há três anos esses encontros acontecem na cidade. E quem faz as honras da casa é a dupla Bruno Caveira e Igor Zargov. No princípio, era o tambor. Com o afrobeat, a pista começava a esquentar. Depois a dupla desbravou as latinidades. Zargov, percussionista e contrabaixista, é feito de ritmo e sua formação musical orientou suas pesquisas. Caveira, por sua vez, pediu a bênção e foi guiado espiritualmente por Mário Cavalcante. A partir da provocação de uma amiga e possuídos pelo batuque de djembés, curimbós e congas, encontraram o gás dessa efervescência sonora no suingue dos ritmos do Norte: salsa, carimbó, siriá logo viraram objetos de estudo e gozo. Também encontraram vazão na sensual pegada caribenha, no frenético afrobeat e em tudo o mais que faça suar a camisa.</p>
<p style="text-align: justify;">A influência da sonoridade de artistas como DJ Dolores e Lúcio K. também contribuíram para realçar o sabor dessa mistura de marcações africanas e latinas. Então surgiu o Felamacumbia. Fela. Macumba. Cumbia. Esses elementos representam sucinta e simbolicamente o propósito do projeto amadurecido em barris de castanheira.</p>
<p style="text-align: justify;">Abraçado por Rogério Pafa, do antigo Loop Estúdio, o Felamacumbia entrava em ebulição com jam sessions intercaladas a discotecagem. Com o fechar das portas do Loop, o projeto ainda passaria por outras casas como o Cafofo, o Terreiro do Tamanduá e a Yes, antes de chegar no Cabaret Voltaire. Entre as atrações que engrossaram o caldo em edições anteriores figuram DJ Dolores, DJ Sabará, Matheus Dutra, Monike Goyana, Francisco El Hombre, Lucas Santtana, DJ TataOgan e Lúcio K.</p>
<p style="text-align: justify;">Na setlist, além dos habitués já citados, participam do frevo Gabriel Romero, Adolfo Echeverria, Rincón Sapiência, Karol Conká, Larissa Luz, Dona Onete, Mestre Vieira e outros. Na sequência de pratos desse banquete musical, o duo Dengue Dengue Dengue traz o tempero peruano, já a Banda Reflexu’s traz a pimenta baiana. Também não pode faltar o projeto australiano Cumbia Cosmonauts, o siriá do cametaense Mestre Cupijó e o grupo chileno Chico Trujillo. Figuras carimbadas, os álbuns “Refavela” de Gilberto Gil e “Zombie” de Fela Kuti são o arroz e o pequi da festa.</p>
<p style="text-align: justify;">Festa conhecida e requisitada na cena mais interessante da cidade, Felamacumbia tem crescido a cada ano. Desde que o evento se firmou, a bilheteria já atingiu a marca de seiscentas pessoas e nunca menos que trezentas – números expressivos se for levada em consideração a capacidade máxima dos locais. Para o seu terceiro aniversário, além de contar com os anfitriões, o projeto traz os pernambucanos do grupo Superlage misturando ritmos amazônicos com batidas eletrônicas do DJ Incidental que prometem insuflar afrodisíacas vibrações de saliências sonoras.</p>
<p style="text-align: justify;">A experiência de ir em uma edição do Felamacumbia não encontra representação em palavras, mas em suor. Não existe termômetro que aguente quando centenas de pessoas se juntam para bailar lambadas. O alvoroço é tanto que há quem queira tirar a roupa, quem se entrega a feitiços caboclos; quem termine e quem comece rolos, namoros e outras formas de laço social.</p>
<p style="text-align: justify;">Longe do centro da mesmice goianiense, Felamacumbia tem o poder de misturar o cerrado com o tropical e o equatorial. O seco e o úmido. O tremor do jambu com o azedoce da carambola. O acarajé com o tucupi e o pequi. O quente com o mais quente. Treme!</p>
<p><img style="display: block; margin-left: auto; margin-right: auto;" src="https://revistazelo.com.br/public/backend/midias/tinymce/Cultura/23926502_1732337143444271_2545366295021692034_o.jpg" alt="(Foto: Reprodução/ Facebook)" width="800" height="296" /></p>
<p><strong>Anote!<br /></strong><strong>Felamacumbia 3 anos<br /></strong><strong>Local: </strong>Cabaret Voltaire (Rua 8, Qd 5, Lt 07, Conjunto Itatiaia)<br /><strong>Quando: </strong>Sábado, 16 de dezembro de 2017, a partir das 22h<br /><strong>Quanto:</strong> Promocional – R$ 10,00<br />Segundo lote – R$ 15,00<br />Portaria – R$ 20,00 (sujeito a alteração)<br /><strong>Onde comprar: </strong>Vendas antecipadas apenas pelo <a href="https://www.sympla.com.br/felamacumbia-3-anos-com-superlagepe__220655" target="_blank">Sympla<br /></a>Mais informações através do evento no <a href="https://www.facebook.com/events/1988183114782359/" target="_blank">Facebook</a></p>