
Nesta segunda-feira, 17 de março, Elis Regina completaria 80 anos. Com uma trajetória de sucesso e forte engajamento político, ela se consolidou como uma das vozes mais expressivas da Música Popular Brasileira. Suas interpretações atravessaram fronteiras e conquistaram o público internacional com uma Bossa Nova dramática e intensa.
Elis faleceu em janeiro de 1982, aos 36 anosdeixando o país de luto. O laudo médico atestou que a morte foi em decorrência “de intoxicação exógena, causada por agente químico – cocaína mais álcool etílico. Para relembrar sua influência na música brasileira, destacamos momentos marcantes de sua carreira. Confira:
Fino da Bossa
O início da trajetória de Elis foi marcado por uma ascensão rápida. Em 1965, sua interpretação emocionante no Festival Nacional de Música Popular Brasileira da TV Excelsior rendeu-lhe o título de “Primeira Estrela da Canção Popular Brasileira”. O reconhecimento levou à apresentação do programa Fino da Bossa, na TV Record, ao lado de Jair Rodrigues. A atração permaneceu no ar por dois anos e originou o LP Dois na Bossa, primeiro disco brasileiro a vender um milhão de cópias.
Marcha Contra a Guitarra Elétrica
A carreira de Elis teve grande atuação no contexto político da época. Durante o Regime Ditatorial Brasileiro, a cantora manteve-se engajada com a comunidade artística na defesa dos direitos civis e na liberdade de produção cultural. Um dos seus principais lemas era a valorização da música brasileira e das raízes sonoras do país.
Em 1967, o cenário nacional passou a ser influenciado por novos ritmos estrangeiros, como o rock americano. Elis foi a idealizadora da “Marcha Contra a Guitarra Elétrica”, em São Paulo, ao lado de grandes nomes, como Geraldo Vandré e Gilberto Gil. Com o slogan “Defender o que é nosso”, o movimento valorizava os ritmos nacionais, como a Bossa Nova, e criticava a predominância de instrumentos estrangeiros na MPB.
Elis & Tom
Em 1974, Elis uniu-se a Tom Jobim para gravar o disco Elis & Tom, registrado na Califórnia, nos Estados Unidos. O álbum marcou o retorno de Jobim aos palcos brasileiros e trouxe canções que se tornaram clássicos da música nacional, como Águas de Março, Por Toda a Minha Vida e Só Tinha de Ser com Você.
Disco “Falso Brilhante”
Com a carreira consolidada, Elis lançou Falso Brilhante em 1976, período de forte repressão da Ditadura Militar. O álbum inovou ao incorporar elementos do teatro e do circo às apresentações, fugindo da tradicional Bossa Nova. A obra contou com composições de Belchior e revelou um lado mais intimista e político da cantora.
Uma das músicas mais marcantes do disco, O Bêbado e o Equilibrista, tornou-se um símbolo do movimento pela anistia, sendo amplamente tocada em 1979 para celebrar a volta dos exilados políticos ao Brasil.
Associação de Músicos e Intérpretes
Em 1977, Elis fundou a Associação de Músicos e Intérpretes, com o objetivo de preservar os direitos autorais e garantir a liberdade artística. A iniciativa regulamentou questões legais relacionadas à produção musical e protegeu a comunidade artística contra plágios. A associação tornou-se membro da Confederação Internacional das Sociedades de Autores e Compositores (CISAC).