
Entre os dias 5 e 9 de março, acontece a ARCOmadrid 2025, uma das principais feiras de arte contemporânea da Europa. Neste ano, o evento recebe a participação de três galerias brasileiras, entre elas a Cerrado Galeria, que levará obras dos artistas participantes do Sertão Negro, como Dalton Paula, Abraão Veloso, Tor Teixeira, Lucélia Maciel e Genor Sales.
As obras que serão levadas para a ARCOmadrid 2025 estarão expostas na Cerrado Galeria, em Goiânia, a partir desta quarta-feira (26). A curadoria está alinhada com o tema central da edição: a Amazônia, e se insere na categoria de “Arte latino-americana”. Em sua 44ª edição, a feira convida artistas e expositores a explorarem novos modos de criação que representam existências híbridas entre corpos humanos, vegetais, físicos e metafísicos.
“A Cerrado tem como compromisso expandir a produção de artistas do Centro-Oeste, missão que orienta nosso trabalho desde a concepção da galeria. O reconhecimento internacional e a oportunidade de ampliar a visibilidade de artistas fundamentais para a arte moderna brasileira reforçam nossa dedicação a um processo rigoroso de pesquisa e ao esforço contínuo para fortalecer a potência da arte inspirada na região central do Brasil”, destaca a diretora da galeria em Goiânia, Júlia Mazzutti.
Sertão Negro
O Sertão Negro é um projeto que combina artes visuais, conhecimentos de populações quilombolas e fundamentos de agroecologia que constroem um espaço de formação e emancipação artística e social. As obras selecionadas apresentam um diálogo entre a arte contemporânea, memória, território, construção e consolidação da vida em comunidade.
Dalton Paula é o artista que representa uma das figuras centrais da arte contemporânea brasileira, desempenhando fundamental papel na mentoria e orientação dos artistas no Sertão Negro. Sua prática está profundamente enraizada na história, na resistência e nos conhecimentos afro-brasileiros.
Apresentada pela primeira vez na Bienal de Veneza de 2024, a série exibida na ARCOmadrid 2025 assumirá agora um novo formato, dando continuidade ao seu compromisso de reimaginar sujeitos históricos, homens e mulheres negros, apagados das narrativas hegemônicas e convencionais.
Cada um dos artistas selecionados traz uma perspectiva única para este amplo movimento de discurso artístico contra-colonial do Brasil contemporâneo. As tapeçarias de Abraão Veloso, inspiradas no poder protetor e narrativo das tranças nagô, refletem um profundo envolvimento com as diferentes formas que populações negras desenvolveram para reconfigurar suas identidades, seus afetos e seus modos de cuidado, em diálogos que as conectam com ancestralidades do passado em um projeto de futuro. Já os trabalhos de Tor Teixeira desafiam as noções tradicionais de masculinidade, reimaginando novas perspectivas afro-brasileiras por meio de referências como a capoeira e o candomblé.
A artista Lucélia Maciel, por sua vez, se inspira em memórias de infância na Chapada Diamantina, utilizando materiais como barro, couro e vidro para evocar temas de iluminação, ancestralidade e resiliência. E, por fim, Genor Sales emprega a metáfora de se sentir “um peixe fora d’água” para destacar os conflitos psíquicos vividos por indivíduos negros ao serem colocados como minoria em determinados espaços de poder educacional e financeiro – sem ignorar as lutas raciais e sociais, suas aquarelas funcionam como declarações poéticas sobre deslocamento e sobrevivência.

Serviço: Cerrado Galeria e Sertão Negro – ARCOmadrid 2025
Data: do dia 5 ao dia 9 de março
Horário: a partir das 15h
Local: Pavilhões 7 e 9 – Recinto Ferial, Avenida Partenón 5, Madrid, Espanha
Ingressos: ifaema.es/bilhetes