A artista goiana Sallisa Rosa será homenageada na 25ª edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), que acontece entre os dias 11 e 16 de junho na cidade de Goiás. Todos os anos, o festival celebra artistas goianos, entre os quais Siron Franco, Elder Rocha Lima, Marcelo Solá, Pitágoras, entre outros, já foram contemplados.
O Fica é uma realização do Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), em correalização com a Universidade Federal de Goiás (UFG), por meio da Fundação Rádio e Televisão Educativa (RTVE).
Um dos elementos que compõem a homenagem é a criação de uma segunda versão do cartaz oficial do festival usando como referência uma obra indicada pelo artista homenageado. De acordo com Pedro Novaes, diretor de programação do Fica, critérios como a seleção de uma artista de uma geração mais nova e de origem negra ou indígena pautaram a escolha de Sallisa Rosa.
“Esse ano a gente fez uma reflexão para homenagear algum artista de uma geração mais nova, mas que tivesse uma trajetória sólida e reconhecida. Colocamos como um critério também que, possivelmente, fosse uma artista de origem negra ou indígena e a gente já conhecia o trabalho da Salisa Rosa há algum tempo. Ela é uma artista bastante reconhecida no Brasil e no exterior, com trabalhos e exposições individuais em alguns dos principais museus brasileiros e relevantes no exterior. Então a gente entendeu que tinha tudo a ver”, esclarece Pedro.
O trabalho de Sallisa traz reflexões sobre a questão indígena e também sobre a questão ambiental. O segundo cartaz oficial do Fica é uma aquarela intitulada “Caminho é o escrito que a natureza conta”, e faz parte de uma série de três composições da artista que foi publicada na revista internacional Art Review Magazine, para a qual a artista foi convidada a participar de uma edição especial sobre o Brasil. “Eu acho que esse desenho traz muitas referências de Goiás, como esses cupinzeiros, que lembram esculturas, mas com uma coisa mais ficcional de futuro, uma coisa mais onírica, talvez”, relata.
A artista, que, atualmente, faz residência artística em Amsterdam, na Holanda, relembra, ainda, os momentos na cidade de Goiás durante o festival e destaca o sentimento de ser a homenageada nesta edição: “É muito especial, não esperava, porque acho que muitas pessoas conhecem muitos artistas homens do Centro-Oeste. Então acho importante que seja uma artista mulher em vida homenageada, e também porque tanto o Fica como a cidade de Goiás são especiais para mim, porque fazem parte da minha vida. Durante muitos anos, durante a minha adolescência, eu frequentei o festival e a cidade, então aprendi muito, foi um lugar de muitas trocas também”.
Sallisa Rosa
Sallisa Rosa é natural de Goiânia e faz residência artística na Rijksakademie, em Amsterdam. Atua com a arte como caminho a partir de experiências intuitivas ligadas à ficção, ao território e à natureza. Além disso, debruça-se sobre a temática da memória e esquecimento e estratégias de criação de futuro.
A artista tem interesse especial na criação de instalações de grandes formatos em espaços públicos e institucionais. Sallisa trabalha com a terra em diversas materialidades, como plantio, barro e cerâmica, e também circula entre a fotografia e vídeo, performance e, mais recentemente, desenhos.
Atualmente, Sallisa Rosa ocupa a Galeria Praça, na Pinacoteca, em São Paulo, com sua primeira grande instalação composta, principalmente, por esculturas em cerâmica, abordando questões ligadas à memória, ancestralidade, paisagem e erosão da terra. A instalação foi inicialmente exposta em dezembro, na Collins Park Rotunda, em Miami.