Crescimento de veículos elétricos no Brasil transforma hábitos de consumo e desafia infraestrutura

Aumento expressivo nas vendas, entrada de novas marcas e incentivos impulsionam a mobilidade sustentável
veículos elétricos no Brasil
(Foto: Michael Fousert/Unsplash)

O mercado brasileiro de veículos elétricos tem passado por uma revolução nos últimos anos, impulsionado pela chegada de novas marcas e pela crescente preocupação com sustentabilidade. Em 2024, as vendas de carros 100% elétricos cresceram 492,8% até setembro, em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo dados da Fenabrave. Esse avanço reflete o interesse crescente dos consumidores e o esforço da indústria automotiva para tornar a tecnologia mais acessível. Fabricantes como BYD e GWM têm desempenhado um papel central nessa expansão, oferecendo modelos a preços mais competitivos e estimulando a concorrência com montadoras tradicionais.

O BYD Dolphin Mini lidera o mercado brasileiro, com 21.968 unidades emplacadas em 2024, seguido pelo Dolphin e pelo GWM Ora 03. O sucesso desses modelos se deve, em parte, à economia que os veículos elétricos proporcionam. Além de dispensarem combustíveis fósseis, os custos de manutenção são menores, já que não exigem trocas frequentes de óleo ou reparos em componentes como correia dentada e velas de ignição. A redução dos gastos operacionais tem atraído tanto consumidores individuais quanto empresas do setor de mobilidade e locação.

As locadoras, aliás, desempenham um papel fundamental na popularização dos elétricos no Brasil. Segundo a Mobility, empresa referência em mobilidade, a experiência de alugar um veículo elétrico permite que motoristas testem a tecnologia antes da compra. “As locadoras ajudam a tornar essa inovação mais acessível. O Brasil está no início dessa transição, mas o mercado já demonstra grande potencial”, afirma Oskar Kedor, CEO da Mobility. Em 2023, as frotas das locadoras contavam com cerca de 8.426 veículos eletrificados, representando 0,5% do total de 1,5 milhão de unidades, com concentração majoritária na região Sudeste. Empresas como a Localiza já operam com 2.700 carros híbridos e elétricos, um número que tende a crescer nos próximos anos.

Infraestrutura precária

Outro fator determinante para a expansão dos elétricos é a infraestrutura de recarga. O aumento da rede de postos de carregamento no país tem reduzido um dos principais entraves para a adoção dessa tecnologia. Além disso, incentivos governamentais, como isenção de IPVA em alguns estados e financiamento facilitado, têm estimulado o mercado. A mobilidade elétrica também está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, dos quais o Brasil é signatário, reforçando a necessidade de reduzir as emissões de carbono e mitigar os impactos das mudanças climáticas.

Apesar do avanço, desafios ainda precisam ser superados. A depreciação acelerada dos carros elétricos, impulsionada pela concorrência com modelos chineses de menor custo, e os preços elevados de compra ainda são barreiras significativas. Além disso, a infraestrutura de carregamento, embora crescente, ainda não atende plenamente a demanda. No entanto, iniciativas de empresas de transporte, como a 99, que pretende incorporar 20 mil veículos eletrificados até 2025, mostram que o futuro da mobilidade no Brasil caminha para a eletrificação. “O mercado de locação terá um papel essencial nessa transformação, não apenas democratizando o acesso, mas promovendo a sustentabilidade como um diferencial competitivo”, completa Kedor.

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