Cena 1 Ano: 1950. Cidade: São Paulo. O visionário empresário Assis Chateaubriand (1892/1968) lançava no Brasil o primeiro canal de televisão a TV Tupi. Na sala de transmissão, à frente e atrás da câmera, Hebe Camargo, Lima Duarte, Cassiano Cabo Mendes (1927/1993) e, claro, Chateaubriand, se movimentavam para levar aos lares paulistanos as primeiras imagens ao vivo e em preto e branco do veículo que, a partir da década de 1970, se tornou em uma espécie de mania nacional, ou o mais importante propagador da cultura de massa.
Cena 2 Salto no tempo. Ano 2007. Cidade de São Paulo. No dia 2 de dezembro, às 20h30, tem início outro importante capítulo da televisão brasileira. A TV Digital entra no território nacional seguindo o padrão japonês. Embora a TV Digital seja uma realidade, a maior parte do território brasileiro recebe as imagens através da tecnologia da TV Analógica. Vivemos, portanto, num momento de transição.
Cena 3 Ano 2008/ Maio/Junho. 12° edição Casa Cor. Cidade: Goiânia. Fátima Mesquita, Márcia Albiéri e Regina Amaral assinam o ambiente Sala de TV. A proposta das designers goianas, que comandam o escritório Scala, é ressaltar esse momento de transição, lançar as novas tecnologias, reviver fatos pitorescos do veículo, englobando ainda o segmento de áudio; e, sobretudo, evidenciar a importância do espaço para o convívio familiar, que, com a consolidação da programação da TV brasileira; entrou em cena como um membro da família brasileira. A televisão passou então a intermediar e a pautar os assuntos em discussão.
Em um ambiente de 68 m², as designers Fátima, Márcia e Regina compactuam da tese dos estudiosos da TV brasileira de que foi, na década de 1970, que as telenovelas ganharam força, espaço nobre, especialmente às obras assinadas pela “maga das oito”, a escritora Janete Clair (1925/1983). Para reviver essa era gloriosa, uma série de pôsteres de artistas relembra o surgimento do star system global, em uma ambientação divertida, pitoresca e carregada de história.
O desafio maior das designers durante o processo de criação da Sala de TV do ano 2008 foi centralizar o ambiente, permitindo que o telespectador assista a seu programa de TV preferido de qualquer ângulo. Outra preocupação na concepção do ambiente relaciona-se com a sua sinalização.
Um sofá chaise com oito lugares, em tecido camurça chumbo, que se ajusta a posição do corpo oferecendo mais conforto; foi estrategicamente colocado ao centro. Em frente ao sofá um imenso telão 106 high constrat, tela tesnionada e acionada por controle remoto, da tecnologia LCD Projector 1200 ANSI; reina absoluto e determina que a imagem digital veio para ficar. Como apoio central, sobressai uma grande mesa em laca branca brilhante e bracelete aletado preto.
Nas laterais do ambiente, mais tecnologia, conforto, sofisticação e história. Nelas, foram distribuídos seis televisores de 40 polegadas nas paredes. Quatro poltronas giratórias sugerem espaços mais intimistas dentro da grande Sala de TV. Cabe no ambiente ainda a evolução do segmento de áudio no Brasil, com direito a um móvel Austin ebanizado para acomodar equipamentos de alta tecnologia. Nos dois aparadores estão distribuídos rádios elétricos das décadas de 1940, 1950 e 1960, um gravador, uma vitrola portátil com vinil original e um móvel radiola dos anos 1960 com pés palito.
Amarrando o ambiente televisivo, surge um tapete personalizado na cor cinza, em forma de listra. É também um forte elemento na qualidade acústica, assim como o piso quente, em carvalho provençal, da linha Design. O diferencial do piso é o sistema clic (encaixe), permitindo o desmonte no caso de mudança do espaço. As cortinas reforçam a comodidade e praticidade que o espaço exige. Elas possuem duas opções de uso ora bloqueiam totalmente a luz, ora permitem a entrada da claridade. As persianas e cortinas Vinhete da Luxaflex são exclusivas da Tabriz Tapetes e Persianas.
Por fim, mas não menos importante, a tela Dissipam-se as Trevas, de João Câmara, do acervo particular de Mônica Quinan, reafirma que a Sala de TV da Casa Cor 2008 é o endereço de diversas correntes ideológicas. Um espaço aberto ao diálogo. A obra em questão começou a ser pintada em 1968, um dos anos mais conturbados da história recente do Brasil, e foi concluído somente em 1998, quando a nação brasileira já estava livre do autoritarismo.