
Goiás está na rota de um crescimento econômico impulsionado pelo agronegócio, que deve gerar um corredor de oportunidades nos próximos anos, em razão da atual configuração da geopolítica global. O mercado imobiliário pode — e deve — aproveitar esse cenário. Essa foi a principal mensagem da palestra do economista e jornalista Ricardo Amorim, apresentada a uma plateia de cerca de três mil corretores de imóveis goianos.
Apontado pela revista Forbes como um dos economistas mais influentes do país, o ex-integrante do programa “Manhattan Connection” esteve em Goiânia na última sexta-feira (9), para ministrar uma palestra no Centro de Convenções da PUC Goiás. O evento foi promovido pela FGR Incorporações como parte do meeting de apresentação do Jardins Grécia, próximo lançamento da empresa, que marca seus 40 anos de atuação no mercado.
“Nesse momento em que vivemos uma economia desafiadora, é hora de aproveitarmos o que o Brasil tem de melhor e analisarmos o cenário econômico dos próximos meses, além de entender como isso impacta o setor imobiliário. O Ricardo, com toda sua experiência, traz dados e informações para preparar nossos corretores parceiros, que auxiliarão os clientes a tomarem decisões com segurança”, destacou Camila Alcântara, diretora comercial, de marketing e relacionamento com o cliente da FGR.
Com uma abordagem acessível e toques de humor, Ricardo Amorim explicou como os atuais movimentos da geopolítica mundial têm favorecido a economia brasileira, que segue aquecida mesmo diante da maior taxa de juros das últimas duas décadas. Ele detalhou como decisões tomadas por outros países contribuem, e continuarão contribuindo, para o aumento do PIB nacional, geração de empregos e atração de investimentos.
Um dos principais fatores externos destacados por Amorim foi a guerra tarifária iniciada pelo então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra diversas nações, especialmente a China. Ele avaliou como equivocada a decisão de Trump de taxar importações da Europa, o que, segundo ele, favorece o avanço do acordo comercial entre Brasil e União Europeia, uma oportunidade estratégica para o agronegócio nacional. Diante da pressão interna de empresários norte-americanos e dos efeitos negativos da guerra tarifária, o governo dos EUA recuou parcialmente e anunciou, na última segunda-feira, um acordo com a China. Embora não elimine completamente as tarifas, o acordo representa uma trégua na disputa.
“Se a China deixar de comprar soja, milho e carne dos Estados Unidos, para quem irá recorrer? O Brasil é o outro grande fornecedor mundial. Esse movimento também favorece nosso relacionamento com o mercado europeu, mesmo diante da resistência da França”, afirmou o economista.
Segundo Amorim, o agronegócio brasileiro está preparado para atender à crescente demanda global, graças ao uso de tecnologia, métodos de alta produtividade, disponibilidade de água doce e, principalmente, terras cultiváveis. “Quarenta por cento das terras disponíveis para plantio no mundo estão no Brasil, e boa parte delas está no Centro-Oeste, incluindo Goiás”, ressaltou.
Amorim também destacou o potencial do estado frente às novas oportunidades: “A safra goiana será 8% maior este ano, e a pecuária também deve crescer. Se no ano passado houve queda na produção e nos preços internacionais, agora veremos o oposto: alta de safra e de preços, impulsionadas pelo contexto global”, analisou.
Impacto no mercado imobiliário

O bom momento do agronegócio também se reflete no setor imobiliário, que permanece aquecido, mesmo com os juros elevados. Amorim atribui esse desempenho à ampliação da massa salarial no país, com aumentos reais nos salários, acima da inflação.
“Nos últimos quatro anos, o número de pessoas empregadas cresceu em 22 milhões. O poder de compra da população continua aumentando. Isso gera sobra de renda para muitas famílias, e a demanda por imóveis segue alta, especialmente em Goiás, onde o agro e o comércio estão em expansão”, observou.
Apesar da redução nos financiamentos bancários, causada pela taxa Selic elevada, o economista destacou que as próprias incorporadoras têm oferecido alternativas, como linhas de crédito direto. “Nesse cenário, a oferta de crédito pelas empresas é fundamental para viabilizar as compras”, afirmou, citando a linha da FGR, que permite quitação em até 40 anos.
Amorim também lembrou que os ciclos de alta e baixa dos juros são naturais, e que o Banco Central já dá sinais de que a fase de elevação está próxima do fim. “Com a redução da Selic, os bancos devem voltar a ofertar mais crédito, o que impulsionará ainda mais as vendas”, previu.
Sobre o risco de uma bolha imobiliária, ele foi categórico: “Essa possibilidade é remota. Em um estudo com as 50 maiores economias do mundo, o Brasil aparece como a segunda com menor proporção de construção em relação ao PIB, com apenas 7,4%. Isso mostra que ainda há espaço para crescer e atender ao déficit habitacional, sem risco de bolha”, concluiu.