A revolução tecnológica pela qual passamos – certamente – tem nos trazido grandes beneficios. A comunicação está cada vez mais fácil. Podemos nos manter em contato constante com todos: amigos, familiares e inclusive com o trabalho, mas aí entra o perigo. Até onde é saudável e proveitoso continuar trabalhando depois do expediente e fora do ambiente de trabalho?
Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que os brasileiros sentem, cada vez mais, que não conseguem se desligar do trabalho mesmo depois do expediente. Quando não estão respondendo e-mails, estão em conferências, ficam à disposição da empresa, ou fazem cursos para aprimorar seu trabalho. Com isso, sobra pouco tempo livre para aproveitar a vida, a família, os amigos e os saudáveis momentos de lazer.
A demanda de tanto trabalho pode vir do tipo de profissão exercida, mas também pode ser um erro na organização da empresa ou do funcionário. Segundo a coach e psicóloga do Instituto Karana, Sabrina Ferroli, os gestores devem acompanhar o desempenho e os resultados de seus colaboradores em conversas de controle que o levarão a ter um parâmetro para saber se há sobrecarga ou não.
Alem disso, é necessário que o próprio funcionário se organize e estabeleça seus próprios limites. “Uma forma que a pessoa pode estabelecer limites, quanto ao volume de trabalho e à sobrecarga, é elaborar um plano pessoal de tarefas e objetivos. Com organização, a pessoa consegue ter uma ‘visão panorâmica’ do seu trabalho e focar naquilo que é importante e urgente. Trabalhar com priorização é a melhor maneira de gerir o próprio tempo”, explica Sabrina.
Ela ainda lembra que também é importante ter sempre uma atitude em relação a sua demanda de serviço, mesmo que a atitude seja a negociação de mais tempo pra cumprir a tarefa, ou mesmo solicitar a ajuda necessária quando for preciso. Se não há uma organização na rotina de trabalho a tendência é o acumulo de tarefas, o que gera a necessidade do individuo de levar trabalho para casa. “O resultado disso é um individuo estressado, sem foco, que pode lavar à falta de motivação e atrapalhar o próprio desempenho no trabalho”, acrescenta a coach.
Sabrina comenta que “em relação ao trabalho, acredito que existem fases. É importante identificar em que fase você está. Se é uma fase de maior investimento e demanda de tempo, é importante preocupar-se em organizar a agenda, estabelecer os compromissos, mas respeitando os horários de alimentação e de descanso. As pausas são importantes e dizer que não se tem tempo é uma desculpa, pois o tempo quem administra é o profissional”.
Para ela, a questão é, então, saber o por quê o profissional está valorizando mais o volume de trabalho, sem respeitar seus limites ou necessidades. “Esforço é bom, mas tudo em excesso gera prejuízo. Um estilo de vida equilibrado, com alimentação adequada, tempos de lazer, exercícios físicos e tempo para descanso é sempre o ideal. Agora o desafio é viver o ideal. Se esforçar a viver o que é possível, respeitando seus limites, dependendo da fase, é o melhor a se fazer”, conclui Sabrina.