- Enxaqueca é mais comum em mulheres (Foto: reprodução )
A principal característica da enxaqueca é sim a dor de cabeça, mas outros sintomas podem aparecer, como náuseas, cansaço, fadiga, mal-estar, tontura, dor nas pernas, luz ou barulho incomodando. De acordo com o neurologista do Hospital das Clínicas, Dr. Flavio Sallem, a enxaqueca pode ser diferenciada de outras formas de dor de cabeça por ser pulsátil, latejante, geralmente doer de um lado só ou mudar de lado, vir com luz (fotofobia) e barulho (fonofobia). Pode piorar no ciclo menstrual nas mulheres, sendo duas vezes mais comum nas mulheres que nos homens. Pode ser mensal, semanal, ou nas formas crônicas, diária ou quase diária.
“Alguns mitos sobre a enxaqueca dificultam a boa orientação dos pacientes”. A enxaqueca não tem uma causa vascular, mas pode levar a sintomas vasculares, como se o paciente sentisse um coração bater na cabeça. Alguns inclusive mostram que os vasos de suas cabeças estão mais dilatados. Mas isso é consequência de mecanismos inflamatórios em um nervo chamado nervo trigêmeo, que inerva a face, a cabeça e a parte interna do crânio. O psicológico não causa enxaqueca, apesar de haver relatos de traumas cranianos produzirem formas da doença. Um estado de estresse ou ansiedadepode desencadear uma crise.
Novas descobertas
Sabemos que a dor é de cunho genético em uma grande porcentagem dos pacientes, podendo a doença passar de geração para geração. Já se conhece muito a respeito de mecanismos de dor, principalmente com a inflamação, aparentemente sem causa aparente, de terminações do nervo trigêmeo, que levam à dor. Sabe-se que várias substâncias estão alteradas em casos de enxaqueca, principalmente uma substância chamada de peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), que está aumentada nas crises de dor. Conhece-se também que a enxaqueca pode ser causa de derrames em pacientes jovens, pois leva a alterações nos vasos cerebrais (o que chamamos de endoteliopatia, ou lesão da camada mais interna dos vasos, o endotélio). Também há relação com o ciclo hormonal feminino e as alterações de estrógeno e progesterona estão ficando cada vez mais claras.
Novidades nos últimos anos
O tratamento antes era somente das crises. Hoje, além de contarmos com analgésicos e medicações específicas mais modernas (como os triptanos), temos medicações que evitam a dor, e ainda por cima auxiliam a diminuir a dor a médio e longo prazo. São os profiláticos. Dentre eles, medicações como o propranolol, a nortriptilina, a flunarizina, o divalproato de sódio e o topiramato se destacam. Métodos alternativos também estão cada vez mais em voga, como acupuntura, estimulação magnética transcraniana, e mais recentemente o uso de toxina botulínica, o famoso Botox, que serve perfeitamente para o tratamento de dores crônicas e graves, ou naqueles pacientes que não toleram medicações.
O especialista finaliza dizendo que as pessoas pouco conhecem a respeito da própria dor, e cabe ao médico alertá-las. É importante firmar que a enxaqueca, apesar de não ter cura, tem tratamento eficaz. É uma doença geralmente genética, crônica, mas tratável. E há meios vários para se chegar a um bom controle das dores.