A dengue, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, ainda é um sério problema de saúde pública em várias regiões do mundo, incluindo o Brasil. Em 2023, a maioria dos casos – mais de 2,6 milhões – foi registrada no Cone Sul, sendo o Brasil responsável por 80% deles, de acordo com dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), taxas superiores a 300 casos por 100 mil habitantes indicam uma situação epidêmica. No Brasil, até o final de outubro, foram notificados cerca de 1,6 milhão de casos de dengue. Segundo levantamento do Ministério da Saúde, esse dado aponta um aumento de 21,4% em comparação com o mesmo período em 2022.
Apenas na cidade de São Paulo, foram registrados, até 1º de novembro, 12.663 casos de dengue. No mesmo período do ano anterior, foram 11.607 casos, representando um aumento de 9%.
“Durante todo o ano de 2022, o CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas ‘Dr. João Amorim’ notificou cerca de 2.352 casos de dengue, que foram atendidos em unidades de saúde pública sob sua gestão. Em 2023, foram 2.149 notificações até o início de dezembro, atingindo 91,3% dos casos diagnosticados no ano passado”, afirma Bruno Saito, gestor ambiental do Programa Ambientes Verdes e Saudáveis (PAVS) da organização, criado pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo e incorporado ao CEJAM em 2015.
Diante desse número elevado de casos, o PAVS segue realizando projetos que favorecem a educação ambiental, promoção de saúde e prevenção de doenças. Todo o trabalho é feito com o apoio de biólogos e gestores ambientais, que estabelecem parcerias com concessionárias de limpeza, providenciando a higienização de áreas públicas.
Além disso, seguem com ações de conscientização com a população. “Atuamos, especialmente, por meio de visitas domiciliares realizadas pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), em parceria com os Agentes de Promoção Ambiental (APA). Eles realizam mutirões de casa a casa, com apoio de equipe técnica composta por auxiliares de enfermagem e enfermeiros, além de atividades educativas em escolas e outros espaços comunitários”, ressalta Bruno.
O objetivo central é colaborar ativamente com a vigilância epidemiológica ambiental, apoiando para a compreensão da limpeza das casas e locais ao redor, eliminando qualquer tipo de água parada. “Reforçamos a importância de prestar a atenção se há água parada em casa. Geralmente, elas se acumulam em vasos, sacolas plásticas ou qualquer outro recipiente no jardim, laje ou quintal”, explica o profissional.
Dicas para evitar a dengue
Normalmente, a dengue apresenta quatro tipos diferentes de vírus, tendo como principais sintomas febre alta, dor de cabeça e atrás dos olhos, perda de apetite, cansaço e manchas vermelhas pelo corpo. Em casos mais graves, também pode causar sintomas como dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes e sangramento de mucosas. Para evitar esse transtorno, o gestor ambiental dá algumas dicas que são essenciais para a não proliferação do mosquito. Confira:
- Remoção de criadouros de mosquitos em redor da sua casa: A dica clássica que faz toda a diferença, se levada em consideração. O primeiro passo para prevenir a dengue é eliminar os criadouros do mosquito. Para isso, certifique-se de que não haja recipientes, como baldes, garrafas ou pneus velhos, acumulando água em seu quintal.
- Cubra reservatórios de água, fossas e mantenha as piscinas tratadas: Reservatórios de água abertos, fossas e piscinas não tratadas são lugares perfeitos para a reprodução do mosquito. Por isso, certifique-se de manter esses locais cobertos ou adequadamente tratados.
- Mantenha as calhas e caleiras limpas e desentupidas: Calhas entupidas podem acumular água parada, tornando-se um criadouro ideal para os mosquitos. Assim, o profissional orienta que a limpeza seja feita regularmente para evitar esse problema.
- Vire para baixo recipientes ou pequenos objetos que possam acumular água ou remova-os se não forem necessários: Mesmo pequenos objetos, como tampas de garrafas e pratos, podem acumular água e se tornarem criadouros. O ideal é virá-los para baixo ou eliminá-los, se não forem necessários.
- Coloque areia fina nos pratos de vasos ou jarras, ou retire-os para evitar a acumulação de água: Outra dica clássica, mas essencial. Vasos e jarras de flores podem conter água parada, por isso, coloque sempre uma camada de areia fina no fundo dos pratos ou, se possível, retire-os quando não estiverem em uso.
- Mude a água dos vasos e jarras de flores uma vez por semana: Se você tiver vasos de plantas em sua casa, não esqueça de trocar a água pelo menos uma vez por semana. Isso evitará que o mosquito deposite seus ovos na água parada.
- Mantenha a relva curta: Sim, os mosquitos podem se esconder na vegetação alta. Por isso, manter a grama do seu jardim curta pode ajudar a reduzir essas chances.
- Como dica extra, Bruno ressalta ainda que muitas pessoas tendem a esquecer de realizar a manutenção da caixa d’água, que também pode ser foco do mosquito. “A nossa caixa de água merece toda a atenção. Ela deve ser limpa periodicamente e sua tampa deve sempre estar bem ajustada. Essa prática faz toda a diferença, evitando que o local se torne um criadouro”, finaliza.