De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), de 2023 a 2025 a previsão é que se tenha mais 704 mil novos casos de câncer no Brasil. É o que apresenta os dados da Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil.
O estudo aponta que o câncer de pele não melanoma é o mais recorrente no país, com 31,3% do total de casos, e em segundo lugar está o câncer de mama em mulheres, com 10,5%. Por isso, a oncofertilidade, especialidade que auxilia na preservação da fertilidade em pacientes com câncer, tem ganhado força a cada dia.
O médico especialista em reprodução humana, Vinícius de Oliveira, pontua que o diagnóstico de câncer afeta não somente o corpo, mas também os sonhos de uma vida futura. “É muito importante falar de uma questão que muitas vezes é esquecida no consultório ginecológico. Nosso objetivo é garantir que homens e mulheres possam ter esperança na realização dos seus sonhos”, diz.
Ele ressalta que o tratamento do câncer de mama como muitos outros oncológicos podem comprometer a fertilidade feminina e, dependendo do tipo ou da intensidade do tipo ou terapia a ser utilizada, as mulheres podem enfrentar a diminuição da reserva ovariana. O que segundo o especialista pode levar a uma menopausa precoce ou a uma esterilidade. “Além das consequências físicas, o impacto emocional diante a probabilidade de perder a capacidade reprodutiva é sem dúvida avassalador para muitas mulheres. Felizmente, a ciência tem avançado muito e hoje a medicina pode oferecer várias opções para reduzir os riscos da fertilidade durante tratamento do câncer, seja de qual tipo ele seja”, explica.
Entre as soluções de preservação da fertilidade está a criopreservação de óvulos, que permite que as pacientes armazenem seus óvulos antes do início da terapia, garantindo a possibilidade de gestações futuras. Uma outra opção é a remoção do tecido ovariano por meio de cirurgia, que poderá ser reimplantado posteriormente após o tratamento. O que segundo Vinícius, tem sido uma opção que tem mostrado resultados promissores.
Ele frisa que há estudos internacionais que pontuam que até 40 a 80% das mulheres em idade reprodutiva podem experimentar algum grau de comprometimento da fertilidade após tratar o câncer de mama.
O médico pontua que é fundamental que as mulheres sejam informadas sobre os possíveis impactos diante dos tratamentos do câncer e sua fertilidade, como também as opções disponíveis para a preservação. “A escolha de procedimento de criopreservação da fertilidade deve ser uma decisão compartilhada entre paciente, o médico oncologista e o especialista em reprodução assistida”, informa Vinícius.
“As mulheres merecem não somente sobreviver ao câncer de mama, mas também de viver plenamente e isso inclui a possibilidade de ser mãe, se assim desejarem no futuro”, finaliza.