Amanhã, dia 27 de setembro, será comemorado o Dia Nacional da Doação de Órgãos no Brasil. O objetivo da data é conscientizar a população sobre como esse ato pode ajudar a milhares de pessoas que lutam por uma segunda chance, já que um doador, sozinho, pode salvar a vida de até oito pessoas, e mostrar como é simples ser um doador, apenas comunicando a decisão para a própria família.
O Brasil tem o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, sendo referência mundial na área, de acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Nesse cenário, o rim é o órgão mais transplantado entre os pacientes. Somente no primeiro semestre deste ano, foram realizados 2.847 procedimentos, seguidos de 1.103 transplantes de fígado e 208 de coração.
Apesar de ser a cirurgia mais realizada, a lista de espera para transplantes de rim já ultrapassa os 30 mil pacientes em todo o País. De acordo com o urologista Dr. Rodrigo Lima, especialista em transplante renal, “são necessários 50 doadores de órgão por milhão de habitantes para não termos fila de espera para transplantes, entretanto, a média hoje é de 19 doadores por milhão.”
Em Goiás, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-GO), das 2023 pessoas que se encontram na lista de espera, 412 aguardam por um transplante de rim. Rodrigo, que já realizou mais de 400 transplantes em sua carreira, explica que, infelizmente, em Goiás prevalece uma resistência em autorizar a doação de órgãos de familiares que vem óbito.
O especialista explica ainda que existem dois tipos de doadores: os doadores vivos (que podem ser parentes do paciente ou não) e os doadores falecidos. No caso de doadores falecidos, os rins são retirados após confirmação do diagnóstico de morte encefálica, mediante a permissão dos familiares.
“Para receber um rim de doador falecido é necessário que o paciente esteja inscrito na lista única de receptores de rim, da Central de Transplantes do Estado onde será feito o transplante. Além disso, devem ser seguidos os critérios de seleção do receptor, como compatibilidade com o doador e tempo de espera em lista”, pontua.
Já para o doador vivo, ela pode ser feita entre parentes de até quarto grau, cônjuges ou entre não aparentados, desde que haja autorização judicial após detectada a compatibilidade sanguínea ABO com o receptor, sendo a comercialização proibida. “É preciso manifestar o desejo espontâneo e voluntário de ser doador”, diz Rodrigo.
Quando o transplante pode ser realizado?
De acordo com o especialista, a cirurgia de transplante renal é considerada quando as condições renais do paciente comprometem gravemente a capacidade do corpo de filtrar resíduos e manter o equilíbrio de fluidos e eletrólitos, como acontece nos quadros de insuficiência renal crônica. Dessa forma, os pacientes em estágios avançados da doença têm no transplante uma alternativa à diálise.
A pessoa que recebe a doação de rim livra-se das limitações impostas pela hemodiálise, como a dificuldade de viajar ou de se deslocar muitos dias para longe da cidade que realiza a diálise, por exemplo. “O transplante renal melhora a sobrevida do paciente renal crônico”, ressalta. Contudo, o profissional destaca que o processo precisa vir acompanhado da realização do tratamento de modo contínuo e correto.
Como se tornar um doador de órgãos?
Dr Rodrigo explica que é importante conversar com a família sobre o seu desejo, e deixar claro que eles devem autorizar a doação de órgãos. “Isso porque, mesmo que uma pessoa tenha dito em vida que gostaria de ser doador, a doação, de fato, só acontece mediante essa autorização”, acentua.
Em outras palavras, se a família não autorizar a doação, os órgãos não poderão ser retirados, e é perdida a oportunidade de ajudar pessoas que estão nas listas de espera. O Ministério da Saúde define, inclusive, que não é preciso registrar a intenção de ser doador em cartórios, nem informar em documentos o desejo de doar, mas a família precisa saber sobre o seu desejo para que possa autorizar a efetivação da doação.