A campanha Novembro Azul foi criada com o objetivo de conscientizar os homens sobre a importância do cuidado com a saúde e realização do exame retal para a prevenção do câncer de próstata. A doença é o tipo de tumor mais comum e responsável pela morte de 28,6% das pessoas com próstata, conforme o Ministério da Saúde. O dado inclui homens cisgêneros – que nasceram com o órgão sexual masculino e se reconhecem como homem – e mulheres transgêneros – que nasceram com sexo masculino, mas se identificam como mulher.
A gerente do Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” (CEJAM), Erica Regina da Silva Lavoura, explica a importância de inserir este grupo no cuidado e prevenção à doença. “O Novembro Azul é uma campanha muito relevante para a detecção de possíveis casos de câncer de próstata. Nesse momento de sensibilização, aproveitamos para enfatizar que o cuidado deve ser integral, com foco na detecção precoce de possíveis doenças do órgão. A partir disso, percebemos a importância de trabalhar com as mulheres trans, para que se sintam acolhidas e não tenham receio de serem acompanhadas regularmente por um médico urologista.”
“Nos casos de pacientes trans, a porta de entrada é pelo endocrinologista, já que necessitam da especialidade para a realizar a hormonização – terapia hormonal ou hormonioterapia –, intervenção de saúde utilizada como estratégia para que pessoas trans possam se expressar e ser reconhecidas pela sociedade dentro dos limites do gênero com o qual se identificam. Após essa passagem, elas são encaminhadas para uma equipe multidisciplinar, com psicólogo, nutricionista, farmacêutico, ginecologista e urologista”, detalha.
Câncer de próstata
O urologista do Hospital Dia M’Boi Mirim I, César Bortoluzzo, explica que o câncer de próstata afeta a glândula localizada abaixo da bexiga e que envolve a uretra, canal que liga a bexiga ao orifício externo do pênis.
“Esse tipo de câncer é o segundo mais frequente nesta população, ficando atrás apenas do câncer de pele. Ele é mais comum a partir dos 50 anos, já que o envelhecimento celular contribui para o desenvolvimento da doença, bem como fatores hormonais.”
A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda a realização do exame retal a partir dos 50 anos. “Homens cis e mulheres trans, com parentes de primeiro grau que tenham tido câncer de próstata e pessoas obesas mórbidas e negras, no entanto, devem começar aos 45 anos. Para ambos, o exame deve ser realizado uma vez ao ano.”
Conforme o Dr. César, ao contrário do que se imagina, o exame de toque em si não é preventivo, já que o seu objetivo é detectar alterações da próstata em fases mais iniciais.
“O exame retal também é capaz de diagnosticar a hiperplasia prostática benigna (HPB), também conhecida como aumento prostático sem câncer, principal problema da próstata a partir dos 50 anos. Quando não tratado, o problema pode provocar desconfortos, como a necessidade de urinar frequentemente e o aumento de micções noturnas, prejudicando a qualidade do sono e gerando insegurança”, reitera.
Tratamento
O tratamento ao câncer de próstata, ao longo dos anos, teve uma evolução no processo. Novos medicamentos e técnicas de cirurgias, como a laparoscópica e a cirurgia robótica, melhoram as chances de sobrevida, com qualidade.
Segundo o médico, o fato depende, no entanto, também de quão precocemente se detectam as alterações e o próprio tumor.