Com um mosaico das regiões brasileiras, de suas expressões culturais e das linguagens universais da literatura, a 12ª Festa Literária de Pirenópolis (Flipiri) promove um grande encontro dos “Povos do Mundo”. Este é o tema que guia a curadoria desta edição do evento, assinada por Maurício Melo Júnior e que ocupará a Praça Matriz e vários outros espaços e ruas da charmosa cidade goiana, entre dos dias 1 e 5 de novembro de 2022. “A gente vai discutir durante toda a festa a diversidade dos sotaques literários de todos os cantos do mundo e tentar refletir isso da maneira mais ampla possível, trazendo diversas vozes de muitas das vertentes da literatura brasileira”, resume Maurício.
Serão mais de 80 atividades gratuitas, entre lançamentos de livros, oficinas, debates, conversas, saraus, cortejos literários e apresentações musicais e teatrais, que fazem de Pirenópolis um epicentro de estímulo à criatividade, à literatura e à formação de novas leitoras e leitores. Na vertente literária da programação, estão previstos debates que lançam luz sobre a representatividade regional brasileira.
O evento começa com o Esquenta Flipiri, um cortejo literário pelas ruas da cidade, às 16h do dia 1º de novembro. Simultaneamente também haverá a abertura da Flipiri Mirim, com espetáculo de “palhágica” (palhaçaria com mágica). A programação segue com lançamentos de livros, espetáculo de teatro de fantoches, chegada do Papai Noel e, de noite, participação especial da cantora e escritora mineira Fernanda Takai. A compositora e vocalista da banda Pato Fu participa de um bate-papo com o público e promove um pocket show gratuito na Praça Matriz, seguida de sessão de autógrafos.
Dentre os destaques da programação literária, estão as mesas de debates, que serão como lentes para olhar o Brasil profundo. Nesta seção, estão nomes como Rogério Andrade Barbosa, para falar sobre consciência negra e valorização da cultura afrobrasileira, e Cristino Wapichana, premiado escritor e músico indígena dedicado à literatura infanto-juvenil. Autores goianos como Flávio Carneiro e Paulo Rolim trazem a questão da escrita e da fala, discutindo a própria linguagem, tanto literária como do sotaque regional. A Flipiri também dá voz à escritora Micheliny Verunschk, que debate a condição do migrante e aborda a cultura da periferia, ao lado de Kamilly Barros, dançarina, poeta e historiadora brasiliense radicada em Goiânia.
O público poderá participar de outras tantas atividades artísticas correlacionadas com o universo literário, como a Maratona de Histórias, o cortejo literário pelas ruas da cidade com a Banda Phoenix acompanhada de bonecos gigantes, além de leitura dramática e bate-papos com autores. Segundo Íris Borges, autora mineira radicada em Brasília e idealizadora da Flipiri, a programação busca promover encontros mediados pela literatura. “Queremos proporcionar esse contato do público com autores locais e nacionais, para desenvolver a paixão pela leitura. Essa é a alma da festa literária, que é uma garantia de termos no futuro pessoas interessadas e engajadas na literatura”, sentencia.
Além de lançamentos de livros e discussões literárias, o universo da literatura ecoa numa programação repleta de atrações artísticas diversas: da música ao teatro, passando por encontro de ilustradores, musical infantil e um encerramento grandioso, com show de Be-bel e Trio, Banda Phoenix e o baile à fantasia “Macunaíma”, para o qual o público é convidado a se vestir de personagens da literatura, da música, da TV e das artes em geral.
Pirenópolis em foco na Flipiri 2022
Nesta edição da Festa Literária, a própria cidade de Pirenópolis será a grande homenageada. Segundo o curador Maurício Melo Junior, a intenção é conferir um reconhecimento à riqueza e diversidade da produção literária local. “A gente quer homenagear os artistas de Pirenópolis em um tributo à Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Múscia (Aplam)”, detalha.
Além de celebrar os autores, o público poderá também conhecer de modo mais interativo obras que representam a cidade. O livro “Venha conhecer Pirenópolis”, de Iris Borges e Sérgio Pompeo, lançado na edição passada, inspira um passeio guiado pela cidade seguindo os pontos turísticos apontados no livro.
Conforme manda a tradição, a Flipiri promove uma série de lançamentos literários, de autores independentes e de escritores locais, integrantes do Instituto Cultural Casa de Autores. A pulsante produção brasiliense infanto-juvenil ganha uma atenção especial, com novos trabalhos de Ana Neila Torquato (“Cadê o amor”), Hozana Costa (“Blá, blá, blá dos animais”), Rose Costa (“Gente diferente e interessante”), Débora Bianca (“Se as flores pudessem falar” e “Florisvaldo”), Maurício Melo Junior (“A lenda do Pé de Espeto”), Alexandre Parente (“As lentes de Lia”) e Álvaro Modernell (“Os filhotes do Pirulito”).
Para o público jovem e adulto, as novidades englobam os novos livros de crônicas do premiado autor goiano Flávio Carneiro e da prolífica escritora mineira radicada em Brasília Clara Arreguy. Vencedor do Jabuti de 2021, o livro “Histórias ao redor” consagra a longa carreira de Flávio Carneiro, conhecido pela escrita refinada. Em “Rosa dos ventos”, Clara Arreguy, afiada jornalista e cronista, reúne 22 crônicas bem-humoradas de viagens baseadas em suas experiências ao redor do mundo.
Aprendizado itinerante
Um dos traços mais característicos da Flipiri é o de contribuir para a formação de leitores e a sensibilização de novos públicos. Por isso, grande parte da programação será reservada à promoção do livro e da leitura entre crianças, jovens e até bebês, que contarão com atividades como leituras, espetáculos e oficinas circenses na Bebeteca Petrobras. A festa realiza também uma série de atividades com estudantes, que envolvem programas de leitura, contação de histórias, brincadeiras lúdicas e até um concurso cênico-literário com espetáculos de alunos.
Encontro de ilustradores
A Flipiri sempre reconheceu a relevância da ilustração na produção da literatura infantil e, desde 2013, dedica espaço para importantes ilustradores brasileiros falarem de seu processo de criação e da relação com autores e editoras, além de ministrar oficinas de ilustração. Este ano, o Encontro de Ilustradores reunirá o artista plástico, web designer e ilustrador André Cerino, a artista visual Carmen San Thiago e o escritor, dramaturgo e ilustrador Roger Mello. Eles falarão um pouco sobre suas experiências na manhã do sábado, dia 3. E na parte da tarde, Carmen San Thiago e André Cerino, acompanhados do artista plástico Sérgio Pompêo, irão ministrar oficinas de ilustração.
A programação se complementa com uma vertente pedagógica forte com a realização da Flipiri Itinerante. Trata-se de encontros de professores e de escritores com alunos, palestras para estudantes do Ensino Médio, voltado para questões do Enem, além de oficinas voltadas para docentes e autores. “Queremos também ajudar os professores a otimizarem sua presença em sala de aula e contribuir com os escritores no desenvolvimento da escrita criativa. Será um momento de aprendizagem para os alunos, para os professores e para os escritores”, detalha Maurício Melo Junior.
Além dessas atividades, haverá espetáculos teatrais para crianças e saraus literários. Confira os detalhes da programação no portal da 11ª Flipiri.