Por Myla Alves
O chocolate é quase unanimidade quando o assunto é sobremesa, mas costuma ser visto como vilão para a maioria das pessoas que planejam emagrecer ou ter uma alimentação mais saudável. No Dia Mundial do Chocolate, celebrado em 7 de julho, a reportagem da Revista Zelo conversou com a nutricionista Isadora Veiga Jardim para saber se o queridinho realmente precisa ser deixado de lado para quem tem esses objetivos.
Segundo a profissional, alguns tipos de chocolate podem ser mantidos, desde que pelo menos 25% dos sólidos em sua composição sejam derivados do cacau, mas os mais recomendados são aqueles com, no mínimo, 50% desse ingrediente. “A indústria acrescenta outros componentes como conservantes, açúcar e tipos de gordura. O que vai diferenciar um chocolate do outro é o teor de cacau e os tipos de ingredientes que foram adicionados. Para sabermos se é realmente um vilão, da composição que ele tem, mas é bom que tenham mais de 70% de cacau”, explica.
Isadora conta ainda que o cacau, quando consumido de modo correto, pode trazer benefícios, sendo fonte de magnésio, cálcio, zinco, vitaminas E, C e do complexo B. “Quanto mais cacau o chocolate tem, mais saudável ele é, mas o que mais destaco são os flavonoides presentes no cacau. Eles são antioxidantes e anti-inflamatórios, e por isso existem benefícios associados à estrutura e à hidratação da pele, além de proteção cardiovascular”, destaca.
O chocolate branco, no entanto, não tem benefícios, já que é feito de leite, açúcar e manteiga de cacau, possuindo mais gordura. Já o chocolate ao leite tem mais açúcar e gordura do que os chocolates amargos, mas possui massa de cacau. No entanto, a indicação de consumo depende da quantidade presente no produto. “Os chocolates amargos têm maior quantidade de massa de cacau e menos açúcar. Eles também são mais adoçados, porém têm mais nutrientes. Tudo vai depender da proporção, mas o ideal é preferir chocolates que tenham adoçantes mais naturais, como xilitol, stevia, eritritol e açúcar de coco, já que o açúcar atrapalha a capacidade antioxidante do cacau”, salienta.
Moderação
Nas dietas que prescreve aos pacientes, Isadora costuma sugerir chocolates com maior teor de cacau para modular os níveis de serotonina, considerada o hormônio do humor, produzida a partir do aminoácido triptofano. “O cacau ajuda na produção do triptofano, que vai ser a base para a produção da serotonina. Com o passar do tempo, o paladar vai se adaptando ao chocolate mais amargo e desmamando dos chocolates mais doces, com grande quantidade de açúcar”, ressalta.
Para a profissional, entretanto, sempre vale a regra da moderação. “Tudo em excesso faz mal, seja o chocolate ao leite ou o amargo. Por mais que o chocolate amargo tenha melhor composição, também não deve ser consumido grandes quantidades. Eu costumo indicar de 20 a 30 gramas”. Sobre o chocolate ao leite, Isadora alerta que, por ele possuir mais gordura e açúcar, é mais inflamatório, podendo prejudicar o fígado e aumentar taxas como glicemia e triglicérides.
Como forma de consumo mais saudável, a nutricionista orienta o consumo após o almoço ou no lanche da tarde, já que no fim do dia os níveis de serotonina devem estar maiores. Outra dica é derreter o chocolate com maior teor de cacau e colocar por cima de frutas, proporcionando uma sobremesa saborosa e nutritiva.