Tempo seco requer atenção redobrada com a saúde bucal e da pele

Sintomas causados nessa época de quedas bruscas na umidade do ar podem acarretar em problemas sérios para boca e dentes. Cuidados são importantes para prevenção em todas as idades, mas principalmente para crianças
(Shutterstock)

A combinação entre temperaturas mais altas e a queda na umidade do ar é sempre perigosa. No período entre os meses de agosto e setembro, em Goiânia, os fatores calor e secura se tornam predominantes. Dificuldade para respirar, ressecamento das narinas e dos lábios, rinites e sinusites, irritação nos olhos e garganta, são alguns dos sintomas que mais afetam as pessoas quando o tempo seco se estabelece. E se as reclamações de desconforto são constantes, muitas vezes alguns cuidados necessários não são seguidos à risca, como a ingesta frequente de água, a hidratação da pele e evitar a exposição exacerbada ao sol. O que pouco que se sabe é que o tempo seco também afeta diretamente a saúde bucal e é preciso dedicar atenção redobrada aos cuidados que compreendem essa região, que atinge boca, dentes e até as fossas nasais.

De acordo com a odontopediatra Mariana Amorim, do Crool Centro Odontológico, os problemas causados pelo tempo seco refletem em consequências, até mesmo indiretamente, na saúde bucal das pessoas. “As rinites alérgicas, gripes e resfriados são muito comuns nessa época e geralmente causam o entupimento do nariz, fazendo a pessoa respirar pela boca. Essa respiração pela boca, além de deixar a mucosa labial mais seca e podendo causar ferimentos, também interfere no crescimento facial e no posicionamento inadequado dos dentes, principalmente em crianças por estarem em fase de crescimento”, afirma a profissional.

A respiração correta, pelo nariz e com os lábios fechados, é extremamente importante para o crescimento dos ossos da face de forma harmônica, no caso das crianças, e para o posicionamento dentário correto também. “Os cuidados devem ser redobrados nessa época. É importante beber muita água, fazer a lavagem do nariz com soro pelo menos três vezes ao dia, passar o fio dental e escovar os dentes após as refeições e depois de uso de medicamentos orais, principalmente se a pessoa estiver fazendo uso de xaropes, antibióticos e broncodilatadores”, alerta a odontóloga.

Segundo ela, as crianças acabam sendo mais acometidas pelos efeitos da secura do ar. “Elas são mais sensíveis a fatores externos como tempo seco e poluição, em razão da mucosa das vias aéreas serem mais finas do que de adultos. Aumentam muito os casos de rinite, sinusite, pneumonia, dermatite e outras infecções virais respiratórias. “E, como efeito direto desses casos, aumenta o consumo de medicamentos para essas doenças”, afirma.

A profissional enfatiza que é de suma importância manter a higienização adequada durante o uso de medicamentos para combater problemas comuns nesse período mais quente e seco. “Cada medicamento por afetar a saúde bucal de alguma maneira. Corticoides e até mesmo antibióticos usados a longo prazo podem diminuir as chamadas bactérias boas da boca e reduzir as defesas, causando problemas como cáries e sapinho, por exemplo. Esses remédios podem desencadear problemas pelo contato com os dentes, então é preciso manter a escovação correta”, esclarece.

O odontólogo Cassiano Medeiros, especialista em ortodontia e ortopedia funcional dos maxilares, do Crool Centro Odontológico, chama a atenção para um fator que tem se tornado muito comum desde o início da pandemia e se associa ao calor dos meses atuais: a respiração incorreta pela boca com o uso de máscara. “O item é muito importante e deve ser usado na prevenção à Covid-19, no entanto, é preciso estar atento à respiração correta por baixo da máscara. Se a pessoa está sempre com lábios entreabertos, as mucosas mais ressecadas, pode apresentar olheiras, nós buscamos orientar o paciente a respirar corretamente”, afirma.

Hidratação da pele é fundamental no período de tempo seco

A pele é uma das partes que mais sofrem neste período de tempo seco. A baixa umidade do ar afeta a hidratação que é naturalmente produzida pelo corpo, e acaba ocasionando em prejuízos. Além da máxima de beber bastante água neste período e melhorar a umidade dos ambientes, a médica dermatologista do Sistema Hapvida, Isabela Corral, explica que o segredo para evitar o ressecamento da pele é a hidratação constante.

“Para hidratar a pele, é preciso utilizar os cremes. Existem os cremes mais fluídos, que são as loções, os cremes mais grossos, que são os baunes e os hidratantes. É preciso saber qual é o tipo de pele, para indicar qual hidratação é a mais indicada. O hidratante não tem posologia definida, podemos usar quantas vezes for necessário, a pessoa vai ter que sentir a pele. Nessa época de tempo seco, talvez seja interessante utilizar um hidrante mais grosso e aplicar mais de uma vez ao dia”, alerta.

Outros cuidados podem auxiliar na saúde da pele como optar por banhos rápidos e mornos, utilização de pouco sabonete e não utilizar buchas. “Tem sabonetes que ressecam menos que são os de glicerina, sabonetes infantis ou as loções de limpeza. E no caso das buchas, utilizar apenas na sola do pé. É importante evitar a bucha nas outras partes do corpo porque se a pele está muito seca, a bucha tira a hidratação natural que ela tem e resseca ainda mais. Outra dica importante é aplicar o hidratante nos primeiros cinco minutos após o término no banho, o que auxilia na melhor absorção”.

Pandemia e cuidados com a pele

A higienização das mãos com álcool 70%, água e sabão é a recomendação de ouro durante a pandemia. Porém, neste período do ano, a tendência é que as mãos fiquem cada vez mais ressecadas. A médica dermatologista do Sistema Hapvida, Isabela Corral, explica que é preciso continuar higienizando as mãos, mas também cuidando da hidratação, para não ocasionarem lesões.

“A hidratação da mão é difícil porque a gente passa o creme, vai ao banheiro meia hora depois e o creme acaba saindo… Então a orientação é passar creme na mão o tempo todo. Hoje nas farmácias tem alguns cremes com função antiviral e antibacteriano que até ajudam a reduzir as transmissões. Na hora da limpeza da casa, é importante utilizar luvas, para proteção das mãos. E claro, hidratar. A hidratação cria uma proteção e protege contra o ressecamento”, esclarece.

Outra dúvida frequente nos consultórios se referem a utilização de máscara. A máscara é o item essencial e indispensável para a prevenção da Covid-19. Porém, o uso constante pode ocasionar lesões na pele, já que ela pode obstruir os poros e causar desidratação no local. Isabela Corral explica que os problemas são mais comuns em pessoas que tem mais sensibilidade na pele. “A umidade do tecido e o calor do dia a dia modificam a barreira da pele, acarretando em lesões. Além da acne, o uso constante da máscara pode provocar rosácea, que é aquela aparência mais avermelhada na pele, dermatite de contato, dermatite seborreica, entre outros”, explica.

Uma dica que pode amenizar as lesões na pele é não passar maquiagem antes de usar a máscara, já que esse tipo de produto pode piorar a obstrução dos poros. Além disso, evitar lavar o rosto com água muito quente também pode auxiliar na prevenção às lesões. Também é preciso ficar alerta em relação ao tecido e correta higienização das máscaras. “Prefira os tecidos 100% algodão, a troca deve ocorrer entre duas e quatro horas. Higienize com frequência e enxágue bem para retirar os resíduos do sabão”, finaliza.

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