O calor de verão mexe com nosso organismo de diferentes formas. Internamente, o fluxo sanguíneo aumenta e sentimos mais inchaço, enquanto externamente, vemos mais oleosidade na pele e também, claro, uma maior transpiração. E é justamente por todas essas mudanças que devemos redobrar alguns cuidados nessa época do ano. Consultamos diversos médicos e especialistas para saber 7 principais cuidados com o corpo nesse verão.
1.Jamais esquecer do filtro solar. “Não é aconselhável a exposição solar sem fotoproteção, principalmente se tratando de pacientes de pele mais clara, mesmo nos horários recomendados, pois sabe-se que mesmo quando a pele se encontra em dose suberitematosa, ou seja, ainda não apresenta vermelhidão ou sensibilidade local, já está em estado inflamatório e, com isto, produz espécies reativas de oxigênio, nitrogênio e carbono que causam danos ao DNA celular”, explica a dermatologista Dra. Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. O dano causado pelo sol provoca alterações significativas na estrutura da melanina que produz dímeros de pirimidina, que alteram de modo irreversível o DNA celular levando à inflamação tecidual que perdura por até três horas após a exposição solar, estimulando estados patológicos na pele como melasma e câncer de pele. “Portanto o filtro solar deve ser passado na pele do corpo todo sem qualquer vestimenta, trinta minutos antes da exposição solar e reaplicado a cada duas horas em média, com uso de chapéu e óculos, além de se respeitar os horários, já há muito tempo recomendados que são até 10:00 hs da manhã e depois das 16:00 hs da tarde”, afirma.
2.Evitar a exposição solar direta, contínua e prolongada. A radiação solar está envolvida com a aceleração do envelhecimento da pele, casos de insolação (com reação inclusive de desmaios e confusão mental) e câncer de pele. “Os principais sintomas da insolação são: temperatura corporal excessivamente elevada, pele vermelha, taquicardia, cefaleia, dispneia (falta de ar), vertigem, náuseas, vômito, desidratação, confusão mental, desmaios e até perda de consciência”, afirma o Dr. Daniel Cassiano, dermatologista da Clínica Gru Saúde e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “No caso do câncer de pele, embora o melanoma possa estar ligado a herança genética, fatores ambientais como a exposição solar influenciam no aparecimento da doença — principalmente com os elevados índices de radiação que atingem níveis considerados potencialmente cancerígenos. Por isso, é importante ficarmos atentos ao aparecimento e mudanças de pintas através do autoexame da pele. O excesso de exposição solar promove mutação no DNA das células da pele que passam a se multiplicar de forma desordenada”, afirma o cirurgião plástico Dr. Mário Farinazzo, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). No autoexame da pele, é necessário estar atento à regra ABCDE. Para diferenciar a presença de nevos displásicos e as pintas normais, é feita a regra A (assimetria), B (borda irregular ou mal deliminada), C (cor variável), D (diâmetro maior que 6milímetros) e E (evolução anormal). “A assimetria é vista quando dividimos em dois lados e eles são diferentes. A borda irregular de uma pinta é notada quando ela não tem um formato definido (as normais são redondas). Quanto à cor em pintas suspeitas, ela tem tons mais escuros e mais claros na mesma lesão. E com relação à evolução anormal, pode ser uma modificação com crescimento, ou alteração da cor e formato ou então coceira ou sangramento”, diz o médico. “Se alguma pinta apresentar qualquer uma das alterações, procure um médico para esclarecer a necessidade de remoção cirúrgica ou não”, diz.
3.Usar hidratante mesmo se sua pele for oleosa. Existe uma confusão muito grande entre o que é hidratação e o que é oleosidade. “O calor estimula a hiperprodução de gordura e quem tem pele oleosa acaba sofrendo mais com as altas temperaturas”, comenta a dermatologista Dra. Claudia Marçal. E, sabendo que os tipos de pele oleosa e mista são os mais comuns no Brasil, com uma incidência de 80% na população, fica difícil escolher o produto ideal para hidratar a pele – e muitas pessoas deixam de hidratar. “Quanto maior a quantidade de óleos o produto contiver, mais pegajosa vai ficar a pele. O resultado vai ser uma pele com mais brilho, com aparência de que está faltando limpeza, além de poder ter complicações como acne e os poros se dilatarem ainda mais”, afirma o pesquisador e farmacêutico Maurizio Pupo, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Ada Tina Italy. Além de apostar em produtos em gel ou sérum, o farmacêutico Maurizio Pupo sugere o uso de tecnologias como as microsílicas. “Elas são microcristais que têm a propriedade de absorver a oleosidade que a pele produz. Então esses microcristais agem de duas maneiras: absorvendo a oleosidade do produto, deixando o produto mais sequinho, falando mais especificamente sobre protetores solares, já que eles são naturalmente mais oleosos. A segunda ação é absorver também a oleosidade da pele. Por isso, eles fazem uma dupla ação contra a oleosidade, do produto e da pele, sem ressecar o tecido cutâneo”, afirma Maurizio. Tudo isso é feito sem ressecar a pele.
4.Cuidar dos cabelos após sair da água: Outro dano importante é causado nos cabelos pelo cloro e sal da água da piscina e do mar, respectivamente. “Essas substâncias causam danos à cutícula e diminuem a quantidade de proteínas na fibra capilar. Como resultado, o cabelo pode ficar mais fino, quebradiço e até mesmo mudar de cor caso tenham passado por procedimentos químicos e tinturas. Logo, é fundamental que sempre após sair da água você tome uma ducha para retirar qualquer resíduo de areia, cloro ou sal dos fios”, alerta o médico tricologista Dr. Lucas Fustinoni, referência internacional em Tricologia e membro da World Trichology Society.. “Outra estratégia interessante é lavar os cabelos antes mesmo de entrar no mar ou na piscina. Dessa forma, o cabelo, que já estará saturado de água, absorverá menos sal ou claro.” Também é interessante o uso de óleos capilares e leave-ins, para ajudar na reparação dos fios.
5.Dar maior atenção às roupas íntimas. Evite calcinhas sintéticas e roupas muito apertadas, já que isso pode prejudicar a saúde da região íntima e a candidíase, por exemplo, é mais recorrente no verão. “A candidíase é uma das doenças mais comuns entre mulheres, sendo causada por um desequilíbrio na microbiota vaginal. E a incidência da doença é ainda maior no verão, pois fatores como calor e a alta umidade do ar causam alterações na acidez da vagina e reduzem a proteção da flora vaginal, o que favorece a proliferação de microrganismos nocivos à saúde da região íntima, incluindo o fungo causador da candidíase”, explica a Dra. Eloisa Pinho, ginecologista e obstetra da Clínica GRU. “A chegada do verão é uma preocupação ainda maior para mulheres que já costumam apresentar o problema recorrentemente em outras épocas do ano, sofrendo com a chamada candidíase de repetição. Nesses casos, além das características do verão e dos maus hábitos que podem prejudicar a flora vaginal, outros fatores podem estar envolvidos no aparecimento da doença, como alimentação desbalanceada, uso de medicamentos como antibióticos e hormônios e deficiência imunológica”, alerta a médica.
6.Começar a fazer exercícios e monitorar problemas de circulação. Alguns fatores comuns dessa época do ano podem favorecer o surgimento de certas doenças, como problemas vasculares. “As altas temperaturas do verão favorecem o processo de vasodilatação, onde os vasos sanguíneos se dilatam e provocam uma sobrecarga nas veias dos membros inferiores. Como resultado, torna-se mais comum apresentarmos sintomas como cansaço, sensação de peso na região, câimbras, dor e edemas nessa época do ano. Além disso, o risco de problemas vasculares como trombose e, principalmente, varizes também aumenta”, alerta a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. A estação é especialmente perigosa para pessoas que possuem histórico familiar de trombose e varizes, já que a predisposição genética é o principal fator de risco dessas condições. Por isso, durante o verão, é muito importante ficar atento à sinais que podem indicar que há algo errado com a circulação, principalmente o inchaço. “O inchaço é um sinal comum da má circulação, ocorrendo quando o coração não consegue circular sangue suficiente para o corpo todo. Este problema está intrinsicamente relacionado ao peso das pessoas, já que quilos extras colocam mais pressão sobre o coração, reduzindo assim o fluxo sanguíneo em todo o corpo”, alerta a cirurgiã vascular. Além de ficar atento aos sinais, devemos também investir em hábitos saudáveis que vão prevenir o surgimento dos problemas circulatórios não apenas no verão, mas em todas as outras épocas do ano. “Procure manter uma dieta equilibrada, rica em vegetais e livre do excesso de alimentos processados e frituras”, diz a Dra. Aline.
7.Não ficar longos períodos em jejum. O ideal é realizar três refeições principais (café da manhã, almoço e jantar), além de pequenos lanches nos intervalos. Como nessa época do ano, buscamos fazer mais atividades, é preciso disposição para acompanhar tanta movimentação e evitar problemas como náusea, tontura e fadiga. “Invista em alimentos frescos, ricos em fibras, proteínas, vitaminas, minerais e antioxidantes que darão a energia necessária para o corpo. Para isso, capriche em frutas, vegetais, leguminosas, ovos, carboidratos integrais,iogurtes naturais e líquidos em geral”, sugere a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Também é necessário reforçar a hidratação, então procure ingerir de 2 a 3 litros de água por dia; você também pode investir na água de coco, chás gelados, água saborizada com frutas naturais e ervas”, diz a Dra. Marcella. E lembre-se: consulte um médico antes de fazer dietas ou jejum intermitente.