Para alguns pacientes que tiveram COVID-19, os sintomas da doença podem continuar após a infecção ter terminado. Esses “de longa viagem”, que têm o que é conhecido como síndrome pós-COVID, podem precisar de reabilitação para voltar às atividades diárias e ao trabalho. Para ajudar esses pacientes, a Mayo Clinic lançou o Programa de Reabilitação de Atividade da COVID, ou CARP por suas siglas em inglês, para ajudar os pacientes a retornarem a suas vidas diárias e ao trabalho. O Dr. Greg Vanichkachorn, especialista em medicina preventiva, ocupacional e aeroespacial da Mayo Clinic, lidera o programa CARP (Programa de Habilitação de Atividade da Covid-19) e respondeu a alguns questionamentos comuns:
Quais são os sintomas da síndrome pós-COVID?
“Eu diria que a característica mais definitiva que vemos nesses pacientes é a fadiga. E não qualquer fadiga, mas sim uma fadiga profunda. Por exemplo, as pessoas dizem: ‘Eu cochilo de quatro a cinco horas após fazer uma coisa simples como lavar a roupa ou caminhar um quarteirão.’ É impressionante o quão esgotadas as pessoas se sentem com apenas um pouquinho de atividade. Eu diria que o segundo sintoma que vemos com alguma frequência é falta de ar, o que faz sentido. Nós sabemos que a COVID pode causar mudanças de longo prazo nos pulmões, como doenças pulmonares e afins, e pode levar à dispneia de longo prazo. Isso aparece com bastante frequência. Vemos também dores de cabeça, acredite ou não. Cerca de 30 por cento das pessoas reclamam de algum tipo de problema neurológico de longo prazo, seja dor de cabeça, tontura ou fraqueza. Mas dores de cabeça parecem ser definitivamente parte desse quadro.”
A síndrome pós-COVID afeta somente pessoas que tiveram a doença aguda?
“Vemos isso acontecer com pessoas que não tiveram problemas em gerenciar seus sintomas em casa ou que tiveram sintomas amenos ou vemos até mesmo pacientes ficarem pior com o passar do tempo, cerca de duas semanas após a infecção. Parece haver uma relação com a idade e isso pode refletir que talvez os indivíduos apenas sejam mais sensíveis à infecção ao passo que envelhecem, o que, claro, vimos nas notícias. Mas, novamente, qualquer pessoa pode ter. Eu acho que esse é o ponto de destaque disso. Tivemos indivíduos que estavam com a saúde ótima antes da sua infecção e eles também tiveram dificuldades em se recuperarem.”
Quanto tempo leva a recuperação da síndrome pós-COVID e os pacientes se recuperam completamente?
“Isso também é novo e estamos essencialmente construindo o avião e voando ao mesmo tempo. Nossos tratamentos são guiados por nossas experiências prévias, de novo, com o Vírus Respiratório do Oriente Médio bem como a SARS. Mas posso dizer para você empiricamente, neste momento, os pacientes estão gostando muito do programa. Eles estão vendo benefício. Estão relatando melhor resistência com atividades, redução na dispneia e aos poucos se recuperando. Tivemos indivíduos que voltaram ao trabalho por meio dos programas. Por sorte, ninguém ficou preso nessa situação, o que eu fico feliz em salientar. A maioria dos pacientes está se recuperando, eu diria que ao largo de cerca de seis a 12 semanas após o início da sua infecção.”
Qual é o objetivo do Programa de Reabilitação de Atividade da COVID?
“É importante notar que o CARP não é apenas para pessoas que estão tentando voltar ao trabalho, mas para todos que estão tentando voltar à sua vida padrão. E eu destaco isso, porque vai ser diferente para todo mundo, pois alguns indivíduos são corredores de maratona, outros são pilotos comerciais, outros querem apenas voltar a serem capazes de andar com o cachorro pelo quarteirão. E trabalhamos com todos esses indivíduos para entender quais são seus objetivos.”