<p style="text-align: justify;"><img src="/sitehttps://revistazelo.com.br/public/backend/midias/tinymce/Projeto/nando%20alta%20PS%201_mini.jpg" alt="Sala íntima projetada para provocar sensação de dubiedade e perplexidade nos visitantes" width="800" /></p>
<p style="text-align: justify;">Se tem uma coisa que não falta a Nando Nunes é ousadia. Na Casa Cor 2014, como sempre, o designer de interiores transformou a Sala Íntima, um ambiente que tinha tudo para passar despercebido, em um controverso universo sombrio. <br />Inspirado por encontros secretos, misturando o real com o imaginário, o profissional inseriu imagens de seres humanos, cavalheiros da aristocracia, com cabeças de bode. Os quadros gigantescos fazem parte da coleção Les Dandys, da marca francesa iBride, e adornam duas paredes da sala. <br />As paredes também recebem duas cabeças sintéticas de veado – que quase passam por empalhadas –, além de várias arandelas que, propositalmente, pouco iluminam o ambiente. <br />É neste ar de mistério, que começa desde o pé da escada, coberta por um carpete de fio de seda preto, que o visitante da mostra adentra. O papel de parede, também negro, dá a sensação de que se entra em uma caverna, com pequenos pontos cintilantes. <br />Aves empalhadas, cães negros, chifres, cobras e até mesmo uma espécie de cabeça humana não são exatamente a definição do belo. No entanto, o objetivo, segundo o designer, é criar esta sensação de dubiedade e perplexidade nas pessoas. <br />“A sala íntima conta uma estória pesada, densa. Eu não gosto da palavra fúnebre, mas seria algo neste nível”, confessa ele. <br />Obviamente um ambiente dessa magnitude é, no mínimo, controverso. Realmente, a transgressão contida no espaço atinge patamares não comuns de se ver em lugares que não uma mostra tão importante quanto a Casa Cor. <br />“O que é uma sala íntima? É um ambiente de passagem. O que tem nela? Quase nada. Então, eu quis mesmo contar uma estória aqui que não fosse bege, óbvia”, ressalta Nando.<br />Os quadros dos homens-bode, destaques do ambiente, necessitaram, inclusive, de permissão para serem reproduzidos. “A Casa Mix, que me cedeu os móveis e objetos do ambiente, foi buscar os direitos autorais das obras para que elas pudessem ser usadas aqui”, contou ele.<br />No entanto, não se engane pensando que a Sala Íntima é apenas um ambiente estritamente conceitual e imaginário. “Há referências de Clássico, mas é um ambiente contemporâneo e, efetivamente, confortável”, explica Nando. <br />Seja no tapete persa de estilo medieval ou nas poltronas de modelo pavão, o aconchego está presente no espaço. <br />O ambiente é, sim, confortável e, segundo Nando, o visitante pode levar várias ideias e utilizar em casa. “Não há problema nenhum em ter um hall de entrada, por exemplo, ousado e imponente, sem abrir mão da usabilidade”, elucidou. <br />Como o gostar é subjetivo, não há como afirmar, com certeza, que a sala do designer é um dos locais mais bem avaliados pelos que passam pela mostra. Entretanto, uma coisa é indiscutível: Nando levou mais uma vez à Casa Cor o inédito, surpreendendo nas escolhas, sem necessariamente se perder em megalomanias ou lugares comuns. <br />Nas palavras do escritor Oscar Wilde: “A única coisa pior do que falarem de você é não falarem de você.”</p>