Um Rio de possibilidades

<p style="text-align: justify;"><img src="https://revistazelo.com.br/public/backend/midias/tinymce/Blog%20-%20Mundo%20Psi/P%26B.jpg" alt="" width="800" height="532" /></p>
<p style="text-align: justify;">N&atilde;o &eacute; novidade para ningu&eacute;m, o Rio de Janeiro ir&aacute; sediar um dos eventos mais importantes do mundo: as Olimp&iacute;adas e as Paraolimp&iacute;adas de 2016. Os jogos acontecem de 5 a 21 de agosto e de 7 a 18 de setembro e a Cidade Maravilhosa receber&aacute; mais de 15 mil atletas de 206 pa&iacute;ses para participarem de 65 modalidades esportivas. Isso sem contar os turistas.</p>
<p style="text-align: justify;">Em 2009, a capital fluminense venceu a concorr&ecirc;ncia com Madri, T&oacute;quio e Chicago entre os membros do Comit&ecirc; Ol&iacute;mpico Internacional (COI) na elei&ccedil;&atilde;o em Copenhague, na Dinamarca. Ser&aacute; a primeira vez que a Am&eacute;rica do Sul receber&aacute; o evento. E para acolher os seus visitantes, o Rio de Janeiro tem se preparado desde que ganhou o t&iacute;tulo de &ldquo;Cidade Ol&iacute;mpica&rdquo;. O investimento foi alto. A constru&ccedil;&atilde;o de gin&aacute;sios, parques, acomoda&ccedil;&otilde;es de atletas e um in&eacute;dito legado urbano de transportes p&uacute;blicos movimenta cerca de R$ 37,6 bilh&otilde;es.</p>
<p style="text-align: justify;">De fato, a possibilidade de sediar um evento t&atilde;o importante para o esporte mundial mudou a cara do Rio. Quem vem para a cidade procurando fazer aquele turismo manjado do circuito Cristo Redentor-P&atilde;o-de-A&ccedil;&uacute;car-Copacabana, saiba que por aqui h&aacute; muito mais a oferecer.</p>
<p style="text-align: justify;">&nbsp;<img src="https://revistazelo.com.br/public/backend/midias/tinymce/Blog%20-%20Mundo%20Psi/3878335242_2906b9f9be_b.jpg" alt="O Bonde de Santa Teresa &eacute; excelente op&ccedil;&atilde;o de passeio cercada por hist&oacute;ria" width="800" height="539" /></p>
<p style="text-align: justify;"><strong>Moderna</strong></p>
<p style="text-align: justify;">Uma das maiores preocupa&ccedil;&otilde;es da Prefeitura do Rio foi com a mobilidade dos turistas durante os jogos. Uma tentativa de resolver o problema foi a implementa&ccedil;&atilde;o do Ve&iacute;culo Leve sob Trilhos (VLT). A linha vai ligar a regi&atilde;o portu&aacute;ria ao Centro, incluindo o Aeroporto Santos Dumont, passando pelas imedia&ccedil;&otilde;es da Rodovi&aacute;ria Novo Rio, Pra&ccedil;a Mau&aacute;, Avenida Rio Branco, Cinel&acirc;ndia, Central do Brasil, Pra&ccedil;a XV e Santo Cristo. Integrado aos outros meios de transporte, como metr&ocirc;, trens, barcas, BRT, redes de &ocirc;nibus convencionais e telef&eacute;rico, pode reduzir o fluxo de ve&iacute;culos, com seis linhas e 56 paradas.</p>
<p style="text-align: justify;">O VLT ter&aacute; 28 km de extens&atilde;o e dever&aacute; atender 300 mil passageiros/dia. A rede, inclusive, &eacute; uma &oacute;tima maneira de conhecer o Centro do Rio. No seu trajeto, &eacute; poss&iacute;vel desembarcar pr&oacute;ximo aos espa&ccedil;os culturais mais importantes da cidade: Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), Museu do Amanh&atilde; e o Museu de Arte do Rio (MAR). O trajeto contempla monumentos, pra&ccedil;as, pr&eacute;dios e centenas de locais hist&oacute;ricos.</p>
<p style="text-align: justify;">&nbsp;<img src="https://revistazelo.com.br/public/backend/midias/tinymce/Blog%20-%20Mundo%20Psi/Museu_do_Amanh%C3%A3_05.JPG" alt="Museu do Amanh&atilde;, localizado na Pra&ccedil;a Mau&aacute;, &eacute; o grande marco da renova&ccedil;&atilde;o do Centro do Rio de Janeiro" width="800" height="532" /></p>
<p style="text-align: justify;"><strong>De olho no futuro</strong></p>
<p style="text-align: justify;">Uma das obras mais importantes da cidade para os Jogos Ol&iacute;mpicos de 2016 foi a recupera&ccedil;&atilde;o da infraestrutura urbana da regi&atilde;o portu&aacute;ria do Rio, incluindo transporte e servi&ccedil;os p&uacute;blicos, al&eacute;m da preserva&ccedil;&atilde;o das caracter&iacute;sticas culturais do local. O projeto prev&ecirc; a revitaliza&ccedil;&atilde;o de uma &aacute;rea de 5 milh&otilde;es de metros quadrados, 70 km de ruas e vias urbanizadas e a constru&ccedil;&atilde;o de quatro t&uacute;neis, entre eles o da Via Expressa, o maior t&uacute;nel urbano rodovi&aacute;rio da cidade, com 2,7 km de extens&atilde;o.</p>
<p style="text-align: justify;">At&eacute; agora a obra j&aacute; devolveu &agrave; cidade os achados arqueol&oacute;gicos do antigo Cais da Imperatriz e os Jardins Suspensos do Valongo e criou novas op&ccedil;&otilde;es culturais, como o Museu do Amanh&atilde;, que tem projeto arquitet&ocirc;nico assinado pelo catal&atilde;o Santiago Calatrava. O arquiteto elaborou um edif&iacute;cio futur&iacute;stico, inspirado na imagem das brom&eacute;lias que viu quando fazia sua pesquisa de campo no Rio.</p>
<p style="text-align: justify;">Para fazer toda a refrigera&ccedil;&atilde;o, a obra capta, do fundo da Ba&iacute;a de Guanabara, a &aacute;gua, que circula pelo edif&iacute;cio e &eacute; devolvida filtrada ao meio ambiente; e tem abas laterais m&oacute;veis, para que os pain&eacute;is de energia solar captem a maior quantidade de luz poss&iacute;vel ao longo do dia.</p>
<p style="text-align: justify;"><strong>Trilha sonora</strong></p>
<p style="text-align: justify;">At&eacute; o fechamento desta edi&ccedil;&atilde;o, a Riotur ainda fazia mist&eacute;rio sobre as atra&ccedil;&otilde;es culturais das Olimp&iacute;adas. O que se sabe at&eacute; agora &eacute; que ser&atilde;o 30 dias de shows, atra&ccedil;&otilde;es culturais e esportivas em um espa&ccedil;o chamado de Boulevard Ol&iacute;mpico, localizado na Zona Portu&aacute;ria. L&aacute;, v&atilde;o ser montados tr&ecirc;s polos: Maravilha, do Amanh&atilde; e dos Esportes.</p>
<p style="text-align: justify;">&nbsp;<img src="https://revistazelo.com.br/public/backend/midias/tinymce/Blog%20-%20Mundo%20Psi/96305278.jpg" alt="Para os menos esportistas, nada melhor do que aproveitar para ir ao barrac&atilde;o da Mangueira e cair no samba" width="800" height="600" /></p>
<p style="text-align: justify;"><strong>Cariocando</strong></p>
<p style="text-align: justify;">Caso voc&ecirc; venha para o Rio de Janeiro, mas n&atilde;o quer nem saber de Olimp&iacute;adas, saiba que a cidade tamb&eacute;m oferece in&uacute;meras atividades para quem n&atilde;o &eacute;, digamos, muito esportista. Como agosto e setembro s&atilde;o meses de baixa temporada, &eacute; poss&iacute;vel fazer programas mais tranquilos e dignos de um verdadeiro carioca.</p>
<p style="text-align: justify;">A Barra da Tijuca, por exemplo, &eacute; um dos lugares que fogem do eixo tur&iacute;stico/ol&iacute;mpico. A regi&atilde;o &eacute; conhecida por abrigar condom&iacute;nios de luxo, shoppings e bel&iacute;ssimas praias (que s&atilde;o mais vazias se comparadas com as da Zona Sul). Al&eacute;m da praia da Barra, h&aacute; tamb&eacute;m as praias do Recreio e Reserva, que s&atilde;o um espet&aacute;culo &agrave; parte. O Parque Municipal Bosque da Barra tamb&eacute;m &eacute; uma &oacute;tima op&ccedil;&atilde;o gratuita e ao ar livre. Para quem &eacute; da noite, o Barra Music &eacute; uma casa de shows bem famosa da regi&atilde;o: funk, pagode e sertanejo s&atilde;o ritmos predominantes na pista e seus camarotes s&atilde;o acess&iacute;veis e bem divertidos.</p>
<p style="text-align: justify;">Se voc&ecirc; n&atilde;o conhece a Zona Norte do Rio, esse tamb&eacute;m pode ser um &oacute;timo momento para experimentar esse pedacinho pouco explorado da Cidade Maravilhosa. Na Pra&ccedil;a da Bandeira, bem pertinho mesmo do Maracan&atilde;, est&aacute; o Aconchego Carioca, que tem no seu card&aacute;pio um bolinho de feijoada incr&iacute;vel. Diz a lenda que esse foi o primeiro da regi&atilde;o!</p>
<p style="text-align: justify;">Para quem &eacute; fascinado pela natureza, a Floresta da Tijuca, tamb&eacute;m conhecida como a maior floresta urbana do mundo, fica na regi&atilde;o. L&aacute; tem cachoeira, churrasqueira e trilhas. Quem quer conhecer esse outro lado do Rio, &eacute; um contraste bem impactante e inspirador. &Eacute; aquela respirada estrat&eacute;gica no meio da loucura da cidade grande.</p>
<p style="text-align: justify;">Se voc&ecirc; gosta de samba, uma boa op&ccedil;&atilde;o &eacute; conferir de perto a quadra da Mangueira, escola de samba de bambas, ber&ccedil;o de Cartola, Noel Rosa e de tantos outros personagens importantes da nossa m&uacute;sica. A quadra tem shows e ensaios abertos ao p&uacute;blico, com pre&ccedil;o acess&iacute;vel. Na mesma linha, temos o Samba do Trabalhador, uma das principais atra&ccedil;&otilde;es da cidade &agrave;s segundas-feiras. M&uacute;sicos consagrados participam da roda de samba, considerada uma das melhores e mais animadas da cidade. O evento acontece todas as segundas no Clube Renascen&ccedil;a, no Andara&iacute;, um dos principais redutos do movimento negro no Rio.</p>
<p style="text-align: justify;">Outro passeio imperd&iacute;vel pela Zona Norte carioca &eacute; o bairro de S&atilde;o Crist&oacute;v&atilde;o. Ali tem o Centro de Tradi&ccedil;&otilde;es Nordestinas, um pedacinho do Nordeste na Cidade Maravilhosa. Tem comida, produtos t&iacute;picos, shows de forr&oacute;, e o famigerado Bazar da Cantoria, com o seu karaok&ecirc; querido, que &eacute; divers&atilde;o garantida para todo mundo.</p>
<p style="text-align: justify;">&nbsp;<img src="https://revistazelo.com.br/public/backend/midias/tinymce/Blog%20-%20Mundo%20Psi/74815780.jpg" alt=" O Centro de Tradi&ccedil;&otilde;es Nordestinas, no Bairro de S&atilde;o Crist&oacute;v&atilde;o, &eacute; um pedacinho do Nordeste na Cidade Maravilhosa" width="800" height="533" /></p>
<p style="text-align: justify;"><strong>Rio antigo</strong></p>
<p style="text-align: justify;">Mas se n&atilde;o gosta muito de praia, festas e, principalmente, esportes, a capital fluminense tamb&eacute;m tem programa&ccedil;&atilde;o para voc&ecirc;. Nossa primeira sugest&atilde;o seria o bairro de Santa Teresa, na Zona Sul carioca, pertinho de endere&ccedil;os famosos como os Arcos da Lapa, Marina da Gl&oacute;ria e Laranjeiras.</p>
<p style="text-align: justify;">Santa, como &eacute; chamado pelos nativos da cidade, &eacute; localizado em um dos pontos mais altos do Rio e possui uma vista incr&iacute;vel do centro da capital carioca. Cheio de ladeiras, o bairro tamb&eacute;m &eacute; famoso pelo bondinho que passa sobre os arcos, um aqueduto do S&eacute;culo 17 constru&iacute;do para fornecer &aacute;gua &agrave; cidade.</p>
<p style="text-align: justify;">Em outros tempos, o local foi reduto da antiga aristocracia carioca, por isso existem tantas mans&otilde;es, casar&otilde;es e propriedades com arquitetura sofisticada e de diferentes per&iacute;odos &ndash; S&eacute;culo 18 e, principalmente, S&eacute;culo 19 e in&iacute;cio do S&eacute;culo 20 &ndash;, com belos exemplares da art nouveau e at&eacute; um palacete em estilo neog&oacute;tico. Na visita, olhos abertos para o Largo do Guimar&atilde;es, um dos pontos mais conhecidos da regi&atilde;o, que re&uacute;ne bares, lojas e caf&eacute;s, al&eacute;m de ser um dos pontos de parada do bondinho.</p>
<p style="text-align: justify;">Outro endere&ccedil;o inspirador &eacute; a Rua do Ouvidor, um dos destinos preferidos de Machado de Assis. O escritor n&atilde;o s&oacute; a retratava em suas obras, como tamb&eacute;m era frequentador ass&iacute;duo da rua mais charmosa da cidade. Toda a agita&ccedil;&atilde;o se concentrava ali: lojas elegantes, livrarias, discuss&otilde;es e filosofia nas confeitarias.</p>
<p style="text-align: justify;">Caso queira conhecer a hist&oacute;ria pela boca, uma dica precios&iacute;ssima &eacute; a Confeitaria Colombo. A casa foi inaugurada em 1894 por dois irm&atilde;os portugueses e tornou-se um ponto de encontro da alta sociedade carioca e brasileira da &eacute;poca. Atualmente recebe um grande n&uacute;mero de visitantes interessados em conhecer o menu e a eleg&acirc;ncia de sua arquitetura. Um lugar ideal para um bate-papo, boa conversa e para lembrar o passado.</p>
<p style="text-align: justify;"><strong>Heran&ccedil;a africana</strong></p>
<p style="text-align: justify;">O Porto Maravilha Cultural oferece aos visitantes do Museu de Arte do Rio (MAR), e ao p&uacute;blico em geral, a oportunidade de conhecer melhor a regi&atilde;o portu&aacute;ria da cidade, um dos locais mais expressivos no per&iacute;odo colonial brasileiro. Partindo do MAR, o percurso a p&eacute; inclui um conjunto de locais marcantes para a mem&oacute;ria da cultura afro-brasileira. A visita guiada come&ccedil;a na Pedra do Sal, local onde o sal era descarregado pelos escravos que trabalhavam como carregadores no cais.</p>
<p style="text-align: justify;">Seguindo o passeio, os visitantes ir&atilde;o conhecer o Jardim Suspenso e o Cais do Valongo, um dos pontos finais do trajeto, que &eacute; hoje um s&iacute;tio arqueol&oacute;gico de grande import&acirc;ncia hist&oacute;rica. No local, foram encontrados objetos da vida cotidiana das classes dominantes do Imp&eacute;rio e dos negros escravizados.</p>
<p style="text-align: justify;">A visita termina nas salas de exposi&ccedil;&atilde;o Meu Porto Maravilha e apresenta ao p&uacute;blico a opera&ccedil;&atilde;o urbana do novo porto. Na sala interativa, o visitante pode acessar o conjunto de transforma&ccedil;&otilde;es da regi&atilde;o por meio de mapas, infogr&aacute;ficos, fotos e v&iacute;deos das obras atuais e futuras.</p>
<p style="text-align: justify;">Outro passeio para quem gostaria de conhecer um pouco da influ&ecirc;ncia dos povos africanos no Rio de Janeiro &eacute; o incr&iacute;vel Memorial dos Pretos Novos.&nbsp;</p>
<p style="text-align: justify;">Em 1996, um casal descobriu embaixo de sua casa, durante uma reforma, um antigo cemit&eacute;rio. Tratava-se de corpos dos &ldquo;pretos novos&rdquo;, como eram chamados os escravos que chegavam mortos ao Brasil ou morriam logo depois do desembarque.</p>
<p style="text-align: justify;">O espa&ccedil;o foi criado em respeito a todos aqueles que perderam a vida e foram enterrados no cemit&eacute;rio, que era destinado aos Novos Negros que chegavam para serem comercializados como mercadoria.</p>
<p style="text-align: justify;">Calcula-se extraoficialmente que foram enterradas ali cerca de 20 a 30 mil pessoas, entre os anos de 1779 e 1830 &ndash; uma taxa bem mais alta do que os dados oficiais. Os corpos eram jogados em valas comuns, misturados e triturados ou queimados.</p>
<p style="text-align: justify;">O Instituto de Pesquisa e Mem&oacute;ria Pretos Novos funciona em duas casas do s&eacute;culo 19, onde s&atilde;o mantidos o Museu Memorial e um espa&ccedil;o cultural (Galeria de Arte Pretos Novos), onde acontecem eventos, oficinas, palestras e semin&aacute;rios relativos ao tema!</p>
<p style="text-align: justify;"><img src="https://revistazelo.com.br/public/backend/midias/tinymce/Blog%20-%20Mundo%20Psi/rio_groupon1.jpg" alt="Cristo Redentor &eacute; um dos cart&otilde;es postais da cidade" width="800" height="500" /></p>
<p style="text-align: right;"><em>Mat&eacute;ria publicada na 36&ordf; edi&ccedil;&atilde;o da revista Zelo</em></p>

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